27 de janeiro de 2025

Ousada adaptação de Shakespeare estreia no Rio

Com direção de João Gofman e adaptação de Lara Bereta, “Medida por Medida” chega ao Rio de Janeiro





Uma das peças menos encenadas de William Shakespeare, “Medida por Medida”, escrita por volta de 1603, ganha novos contornos nas mãos da Cia Passante. A obra, que trata de temas como moralidade, abuso de poder e hipocrisia social, é transportada para o vibrante carnaval carioca, sob a direção de João Gofman e adaptação de Lara Bereta. A ousada montagem promete aproximar o público das complexidades, tão pungentes quanto atemporais, presentes no clássico. O espetáculo estreia dia 31 de janeiro e fica três semanas em cartaz na Sede Cia dos Atores.



Na história original, ambientada em Viena, o duque Vincenzo se afasta do governo e deixa o poder nas mãos do severo magistrado Ângelo. Nesta nova gestão, leis esquecidas são ressuscitadas e aplicadas com rigor, portanto, Claudio seria condenado à morte por engravidar sua noiva Julieta.  Desesperada para salvar a vida do irmão, Isabela, uma noviça, implora para Ângelo libertá-lo, mas é surpreendida por uma proposta indecente, capaz de provocar um dilema agonizante.  A hipocrisia e o abuso de poder emergem com força em um contexto de repressão, toques de recolher e uma epidemia de sífilis, trazendo paralelos contundentes com os dias atuais.



Na adaptação da Cia Passante, o carnaval e a liberdade pedem passagem para desfilar. Segundo João Gofman, a peça foi escolhida pela temática e o carnaval despontou como um paralelo interessante: “É uma festa que suscita temores na igreja católica. Na peça, existe a imagem desta freira e a gente conseguiu transformar o conflito, transpor ele para uma ideia de tropical, de calor. Eu consigo olhar para essas personagens, da forma como a gente está construindo, e ver que elas também poderiam estar no calor do Rio de Janeiro, porque sabem das nossas dificuldades, nossas questões, nossas dores”, revela o diretor.



Assinada por Lara Bereta, a adaptação traz frescor e urgência para a trama, além de contribuir para uma aproximação com a realidade carioca atual. “Medida por Medida é uma obra que aborda injustiça social, religiosidade opressiva, hipocrisia, abuso de poder, violência policial, estupro, e muitos temas que continuam relevantes até hoje. Nos faz questionar os sistemas que regem a nossa sociedade: a quem eles beneficiam? A quem protegem? Por quem são mantidos?” questiona Lara, que também é atriz e dramaturga.



CIA. PASSANTE



Fundada em 2019 pelos atores Gui Albertini e Luiza Lamoglia, a companhia ganhou forma e força com a entrada de João Gofman, responsável por idealizar e dirigir “Título Longo e Vazio Para Parecermos Intelectuais”, espetáculo que conquistou sucesso de público e crítica.  O grupo se mantém unido com o intuito de pesquisar teatro e descentralizar a ideia comercial, buscando um teatro que se conecte com as pessoas. Hoje, com mais sete atores convidados, a companhia aposta numa abordagem revolucionária de Shakespeare, tendo como norte não fazer o que já foi feito.



Segundo o diretor, “Shakespeare é um prato cheio pra isso, porque ele traz temas pulsantes, conflitos claros, e apesar da distância, das relações históricas com príncipes, princesas, bruxas, soldados, sucessores de tronos e etc., ele traz situações que quando colocadas em perspectiva, conseguimos chegar à pureza do desejo humano e seus conflitos”, conclui Gofman.



Gui Albertini é ator e cantor, iniciou no teatro aos 10 anos de idade no Rio de Janeiro fazendo o curso de leitura e interpretação na BIJU(UNIRIO). Formou-se pela PUC-RIO em Artes Cênicas no ano de 2020. No teatro, através da Cia. “Só em Cena” estrelou o espetáculo "Tirando 10 no Mundo da Imaginação" aos 11 anos, inspirado em “Nota 10” de Rogério Blat, dentre outros espetáculos. Aos 17 anos, entrou para a “Cia. Abraço da Paz”, onde fez alguns espetáculos de grande sucesso, como: "A Vida de um B-boy" com supervisão de Matheus Nachtergaele e "Morro da Trincheira" com supervisão de Rogério Blat. Atuou em “Roda de Fogo” em 2019, com direção da renomada Ana Kfouri, com texto de Marcelino Freire.



Luiza Lamoglia é nascida em Macaé, cidade litorânea localizada no norte fluminense do Rio de Janeiro, e aos 18 anos começa no teatro. Fazendo viagens semanais do Rio a Macaé, desde 2012, passou por cursos como ‘CAL’, ‘Wolf Maya’, ‘O Tablado’ e se formou em Artes Cênicas pela PUC-RIO em 2019. Estagiou em 2017 no Teatro Oficina Uzyna Uzona, dirigido pelo lendário Zé Celso Martinez Corrêa. Com boas participações no cinema e na tv, em 2019. Também fez aula de canto e instrumentos na Escola de música Villa Lobos.



João Gofman é professor e diretor teatral, dirige o Utópico Coletivo de Teatro desde 2015. Com o coletivo, dirigiu dois espetáculos: o musical “Into the Woods” de Stephen Sondheim, e “Sweeney Todd – Barbeiro Demônio da Rua Fleet”. Dirigiu também “RENT - Experiência em um Loft”, de Jonathan Larson, “Despertar da Primavera” e "Next to normal", vencedor do Prêmio Pulitzer. Trabalhou como curador assistente de César Augusto, no TEMPO FESTIVAL, durante as edições do ano de 2017/2018, e como assistente de direção nos espetáculos “Lifting” (com Drica Moraes), “Alair” (de Gustavo Pinheiro, com Edwin Luisi) e “Círculo da Transformação em Espelho” (de Annie Baker, com tradução de Rafael Teixeira). Fez assistência de direção de Rodrigo Portella no espetáculo “Insetos” (com a Cia. dos Atores). Atualmente é o Coordenador Artístico da Sede da Companhia dos Atores.



No elenco convidado estão Bruno Jugend, Bruno Marques, Caterina Queiroz, Eduardo Soares, Luã Rottweiler, Rebeca Souza, Sued Lincoln e Victória Faccin.



Classificação: 14 anos



Duração: 95 minutos



SERVIÇO



Data: 31 de janeiro a 16 de fevereiro

Horário: Sextas e sábados às 20h e domingo às 19h

Local: Sede Cia dos Atores – Rua Manoel Carneiro, 12 - Escadaria Selarón

Ingressos: R$60 inteira; R$30 meia (SYMPLA)

https://www.sympla.com.br/evento/medida-por-medida/2801481


29 de maio de 2025
Com inscrições abertas até segunda-feira (02/06), o edital Prêmios Cultura Viva é uma oportunidade para fazedores de cultura impulsionarem seus projetos. Oferecida pela Prefeitura de Niterói, a iniciativa vai fomentar Pontos e Pontões de Cultura com R$ 760 mil. Ao todo, serão selecionados 40 projetos. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas pela plataforma do Colab. O edital integra a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB/MinC) e é conduzido pela Secretaria Municipal das Culturas (SMC). “Os Pontos e Pontões são uma parte essencial da nossa rede de cultura em Niterói. Através dos recursos da Lei Aldir Blanc, lançamos dois editais que somam mais de R$ 3 milhões em investimentos voltados ao fortalecimento da produção cultural na cidade. Para a Prefeitura de Niterói, investir nesses espaços é um passo importante para impulsionar quem luta pela cultura na ponta, junto da população”, reforçou o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves. O Edital Prêmios Cultura Viva vai reconhecer e premiar 40 iniciativas culturais de base comunitária desenvolvidas por pessoas jurídicas sem fins lucrativos ou por coletivos culturais informais representados por pessoas físicas. Cada uma das 40 selecionadas receberá R$ 19 mil. O edital também estabelece cotas para garantir a diversidade entre os premiados, com vagas reservadas para pessoas negras, indígenas, com deficiência, mulheres e trans. Também parte das ações integradas à PNAB, a Prefeitura lança o Edital Aldir Blanc de Fomento à Cultura. Serão destinados R$ 2.250.000,00 para apoiar 45 projetos culturais apresentados exclusivamente por pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, que estejam estabelecidas em Niterói e tenham finalidade artística e cultural. Ao todo, os dois editais somam R$ 3 milhões de investimento. “Os Pontos e Pontões de cultura da cidade são verdadeiros guardiões das culturas tradicionais e de base comunitária. Preservam a memória, a história e o fazer artístico de Niterói. Este edital dedicado a esses mestres e mestras é uma forma de garantir o direito à cultura àqueles que se dedicam em manter viva nossa herança cultural”, afirmou o secretário das Culturas, Leonardo Giordano. As inscrições são realizadas por meio da plataforma Colab, ferramenta digital que conecta cidadãos e governos com foco em cidadania digital e governança colaborativa. O edital também será disponibilizado em Libras, garantindo acessibilidade nas informações. Para apoiar os proponentes no processo de inscrição, a Secretaria das Culturas promoverá atendimentos presenciais na quinta-feira (29), às 17h, no Espaço EcoCultural, na Região Oceânica, e no sábado (31), das 10h às 14h, na Casa Cultura é um Direito, no Ingá.
27 de maio de 2025
Quando três amigos, muito próximos, e que sabem tudo da vida uns dos outros se juntam para abrir uma discussão que reflita sobre a construção da masculinidade, não tem como o roteiro dar errado! Assim surgiu a ideia de “Por que não nós?”. A peça é um mergulho profundo e ácido no psiquismo do que é ser homem em nossa sociedade, partindo da narrativa de três personagens sarcásticos e hilários que debatem um conceito muito atual: a masculinidade tóxica e suas consequências. No palco, Samuel, Amaury e Felipe convidam o público a olhar para essa questão que se faz necessária, rindo e emocionando, tocando em pontos como as perguntas: existe diferença de gênero? Ou existe relacionamentos desigualitários? E ainda o autocuidado.  “Quisemos entender como somos atingidos pela contenção do que sentimos, mesmo rindo das ansiedades e das angústias que essa contenção provoca”, explica Felipe Velozo. A masculinidade tóxica é percebida como um conjunto de ideias e mecanismos voltados para que os homens se encaixem em padrões que mantenham um equilíbrio social baseado na violência. Até que essa violência se volta contra os próprios homens em uma espiral de manifestações que incluem a exacerbação da virilidade, o machismo, a violência contra a mulher, homofobia e transfobia. Apesar disso, a história promete divertir e provocar a plateia, descortinando uma série de assuntos que passam pela saúde emocional, estigmas e preconceitos. “A história fala de amizade, de educação emocional, sobre como os homens não são criados para falar, para discutir as emoções. É um espetáculo sobre isso. Sobre a dificuldade que o homem tem em se relacionar emocionalmente”, destaca Samuel de Assis. O universo impresso neste espetáculo é foco constante de campanhas de saúde mental, palestras, livros, teses, estudos culturais e sociais, reportagens, filmes e, agora, será tema de uma peça. “O teatro pode, e muito, contribuir para os debates que brotam das questões de gênero, no mundo em que vivemos, que estão fervilhando e reclamando outros modos de discussão”, diz Amaury Lorenzo. SERVIÇO: “Por que não nós? Com Samuel de Assis, Amaury Lorenzo e Felipe Velozo Dias 07 e 08 de junho, sábado e domingo, às 19h Teatro da UFF: Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói - RJ Classificação Indicativa: 10 anos Duração: 100 minutos Ingressos: R$ 90,00 (inteira) e R$ 45,00 (meia) Vendas: http://www.guicheweb.com.br/centrodeartesuff