O Homem que engoliu um chip
Conseguir falar de loucura, esquizofrenia e do sofrimento inerente de forma bem-humorada é o mote e desafio da peça “O Homem que engoliu um chip”.
O espetáculo, que volta à cena para curta temporada, é um solo do ator Manoel Madeira com direção de Adriano Garib e dramaturgia de Ramon Nunes Mello, poeta, escritor e jornalista que conheceu e entrevistou Rodrigo de Souza Leão, tornando-se responsável pela sua obra após a sua morte.
O HUMOR DE RODRIGO DE SOUZA LEÃO
“Estou aqui há dez dias. Dez dias que como mal. Pelo menos vou emagrecer. Tenho saudade da comida de casa. De bom aqui só a goiabada e a bundinha da enfermeira.”
“Eu não me lembro mais de um amor. A última vez que fui amado, ela disse que não me amava.”
“Se você um dia for visitar um hospício, leve cigarros. Todo mundo fuma.”
“Fila pra tomar café da manhã. Todos os loucos na fila. É um café com leite que tem mais água do que leite e um pão com uma passada de manteiga só na ida.”
(HORA DE VER TV) “A hora em que a Família Adams se reúne. Os doidos todos se reúnem para ver novela.”
“Por que todos os loucos têm paranóias iguais? Sempre estão sendo seguidos por um agente secreto. A CIA quase sempre está envolvida.”
“Ah, hoje tem festa junina no hospício! A quadrilha de loucos está em fila. (…)
O casamento de um oligofrênico com uma bipolar de humor é feito pela psicóloga gostosa.”
No livro, Souza Leão narra de maneira singular e divertida seu dia-a-dia durante períodos de internação. No palco, Manoel Madeira atua como um performer, ora relatando, ora vivenciando as situações relatadas pelo escritor. A peça traz trechos em off na voz do próprio Rodrigo de Souza Leão.
A adaptação da obra para o teatro é do dramaturgo e poeta Ramon Nunes Mello, que conta como surgiu a ideia do projeto: “Conheci Rodrigo em 2008, após ler ‘Todos os cachorros são azuis’. Fiquei impactado com a poesia e a linguagem, e a forma como ele aborda um tema difícil como a loucura, a partir de sua própria experiência pessoal, única na literatura brasileira.”
Explorando o humor e a ironia presentes na obra, a peça pretende expandir a poesia presente na ficção de Souza Leão, além de promover uma reflexão sobre a intercessão entre saúde mental e arte.
“Assistimos ao espetáculo com um sorriso dúbio, pois Rodrigo ri do absurdo da existência. Nossa peça, apesar da delicadeza do tema, pretende ser um entretenimento leve e divertido. Rodrigo era leve e bem-humorado até nos momentos de internação. Queremos que essa leveza, essa auto-ironia e esse humor transpareçam para o público através de nossas escolhas artísticas.”, explica o diretor Adriano Garib.
SINOPSE
Um poeta que sofre de esquizofrenia faz um relato comovente e ao mesmo tempo auto-irônico sobre sua internação, suas memórias e reflexões.
Serviço
ESTREIA: 07 de março (6ªf), às 19h
ONDE:
Casa de Cultura Laura Alvim – Espaço Rogério Cardoso
Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema / RJ Tel: (21) 2332-2016
HORÁRIOS: sextas e sábados às 19h e domingos às 18h / INGRESSOS: R$50 e R$25 (meia) / HORÁRIO BILHETERIA: 3ª a 6ª das 16h às 20h, sábados e feriados das 15h às 20h, domingos das 15h às 19h / VENDAS ONLINE: https://funarj.eleventickets.com/ CAPACIDADE: 53 lugares / DURAÇÃO: 60 minutos / GÊNERO: drama / CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 anos / ACESSIBILIDADE: sim / TEMPORADA: até 30 de março

