18 de maio de 2022

Sereias do Hospício, novo livro de poesia de Rafael Julião

Rafael Julião lança, no dia 18 de maio, seu segundo livro de poesia “Sereias do Hospício”, na Livraria da Travessa de Botafogo, no Rio de Janeiro. O lirismo do livro está completamente atravessado pela questão da loucura, por sua vez, relacionada à convivência e ao cuidado do autor com sua própria mãe, que era diagnosticada com transtorno bipolar. Assim, o universo da loucura e dos hospitais psiquiátricos, mas também as memórias afetivas e as complexidades do tema, aparecem como reelaboração de uma experiência muito pessoal, mas também muito fértil de identificações com a vida coletiva. Os poemas estão divididos em blocos temáticos ao longo do livro – “ambulância”, “portões”, “pátio” e “janelas” – e convidam o leitor a uma jornada de cumplicidade em um trabalho que, além do domínio técnico da linguagem e do frescor poético, toca na questão da luta antimanicomial como poucos poetas o fizeram até o momento. Assim, “Sereias do Hospício” se revela um livro potente e necessário.
 
O autor dá pistas sobre o que o leitor encontrará no livro: “O livro de poemas está centrado nas muitas manifestações da loucura, ou melhor, das falhas e dos deslizes da racionalidade. Em primeiro lugar, o livro explora os elementos míticos vinculados ao canto da sereia, isto é, aos encantamentos que nos movem a caminhar para fora dos limites da razão, em busca dos desejos, das paixões, das tentações. Há muitas referências ao universo da canção popular, que é, desde o mestrado, o meu objeto de pesquisa. A voz humana e suas manifestações artísticas, a canção popular e suas formas de gerar identificações e reforçar as identidades, sua maneira própria de atravessar as biografias e dar sentido às subjetividades e às relações de afeto, sua força de utopia coletiva, de sonho compartilhado, tudo isso aparece de forma latente ao longo dos poemas. O tema da loucura é uma chave importante do livro, mas também as questões vinculadas às instituições psiquiátricas e aos debates sobre saúde mental e luta antimanicomial. O hospício em si, mas também seus personagens, acaba sendo um elemento fundamental da obra, explorado em muitos de seus sentidos. Há, portanto, reflexões sobre os jogos amorosos, sobre as tensões sociais, sobre as contradições do desejo humano, sobre a angústia da liberdade, sobre os espaços de marginalização e exclusão, sobre a força do tempo em seu fluxo constante, sobre as memórias e as projeções, enfim, sobre a vida vivida, lembrada e imaginada”.

Rafael também escreveu o sucesso Cazuza Segredos de Liquidificador


“Em Sereias do hospício há sempre alguém plurivocal cantando. É amparada nesse alguém que a voz poética de Rafael se descobre frágil, forte, humana: amor e precipício, transe e transa. Todo o livro, uma pletora de alegria (trágica). Do primeiro ao derradeiro poema, nomeados “Nascente” e “Foz”, respectivamente, há uma circularidade crítica da permanência, da experiência e da reapropriação labiríntica do estado de poesia proposto pelo canto sirênico — canto pré e pós a sereia transmutar sirene. Em tudo a chora materna e seu prazer sonoro que consola e provoca.”


Rafael Julião é professor, poeta e pesquisador da literatura e da canção popular brasileiras. Fez a graduação em Letras na UFRJ, onde também concluiu o mestrado (sobre Cazuza) e o doutorado (sobre Caetano Veloso). Essas pesquisas deram origem a seus livros Infinitivamente pessoal — Caetano Veloso e sua verdade tropical (2017) e Cazuza — Segredos de liquidificador (2019). Antes disso, ainda em 2014, publicou seu primeiro livro de poemas, intitulado Terra. Atualmente participa de um grupo de pesquisas interuniversitário sobre o desbunde nos anos 1970 e os diálogos entre corpo, cidade e canção.


Serviço


Sereias do Hospício
Autor: Rafael Julião
Local: Livraria da Travessa – Botafogo
Data: 18 de maio
Horário: 19h

29 de maio de 2025
Com inscrições abertas até segunda-feira (02/06), o edital Prêmios Cultura Viva é uma oportunidade para fazedores de cultura impulsionarem seus projetos. Oferecida pela Prefeitura de Niterói, a iniciativa vai fomentar Pontos e Pontões de Cultura com R$ 760 mil. Ao todo, serão selecionados 40 projetos. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas pela plataforma do Colab. O edital integra a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB/MinC) e é conduzido pela Secretaria Municipal das Culturas (SMC). “Os Pontos e Pontões são uma parte essencial da nossa rede de cultura em Niterói. Através dos recursos da Lei Aldir Blanc, lançamos dois editais que somam mais de R$ 3 milhões em investimentos voltados ao fortalecimento da produção cultural na cidade. Para a Prefeitura de Niterói, investir nesses espaços é um passo importante para impulsionar quem luta pela cultura na ponta, junto da população”, reforçou o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves. O Edital Prêmios Cultura Viva vai reconhecer e premiar 40 iniciativas culturais de base comunitária desenvolvidas por pessoas jurídicas sem fins lucrativos ou por coletivos culturais informais representados por pessoas físicas. Cada uma das 40 selecionadas receberá R$ 19 mil. O edital também estabelece cotas para garantir a diversidade entre os premiados, com vagas reservadas para pessoas negras, indígenas, com deficiência, mulheres e trans. Também parte das ações integradas à PNAB, a Prefeitura lança o Edital Aldir Blanc de Fomento à Cultura. Serão destinados R$ 2.250.000,00 para apoiar 45 projetos culturais apresentados exclusivamente por pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, que estejam estabelecidas em Niterói e tenham finalidade artística e cultural. Ao todo, os dois editais somam R$ 3 milhões de investimento. “Os Pontos e Pontões de cultura da cidade são verdadeiros guardiões das culturas tradicionais e de base comunitária. Preservam a memória, a história e o fazer artístico de Niterói. Este edital dedicado a esses mestres e mestras é uma forma de garantir o direito à cultura àqueles que se dedicam em manter viva nossa herança cultural”, afirmou o secretário das Culturas, Leonardo Giordano. As inscrições são realizadas por meio da plataforma Colab, ferramenta digital que conecta cidadãos e governos com foco em cidadania digital e governança colaborativa. O edital também será disponibilizado em Libras, garantindo acessibilidade nas informações. Para apoiar os proponentes no processo de inscrição, a Secretaria das Culturas promoverá atendimentos presenciais na quinta-feira (29), às 17h, no Espaço EcoCultural, na Região Oceânica, e no sábado (31), das 10h às 14h, na Casa Cultura é um Direito, no Ingá.
27 de maio de 2025
Quando três amigos, muito próximos, e que sabem tudo da vida uns dos outros se juntam para abrir uma discussão que reflita sobre a construção da masculinidade, não tem como o roteiro dar errado! Assim surgiu a ideia de “Por que não nós?”. A peça é um mergulho profundo e ácido no psiquismo do que é ser homem em nossa sociedade, partindo da narrativa de três personagens sarcásticos e hilários que debatem um conceito muito atual: a masculinidade tóxica e suas consequências. No palco, Samuel, Amaury e Felipe convidam o público a olhar para essa questão que se faz necessária, rindo e emocionando, tocando em pontos como as perguntas: existe diferença de gênero? Ou existe relacionamentos desigualitários? E ainda o autocuidado.  “Quisemos entender como somos atingidos pela contenção do que sentimos, mesmo rindo das ansiedades e das angústias que essa contenção provoca”, explica Felipe Velozo. A masculinidade tóxica é percebida como um conjunto de ideias e mecanismos voltados para que os homens se encaixem em padrões que mantenham um equilíbrio social baseado na violência. Até que essa violência se volta contra os próprios homens em uma espiral de manifestações que incluem a exacerbação da virilidade, o machismo, a violência contra a mulher, homofobia e transfobia. Apesar disso, a história promete divertir e provocar a plateia, descortinando uma série de assuntos que passam pela saúde emocional, estigmas e preconceitos. “A história fala de amizade, de educação emocional, sobre como os homens não são criados para falar, para discutir as emoções. É um espetáculo sobre isso. Sobre a dificuldade que o homem tem em se relacionar emocionalmente”, destaca Samuel de Assis. O universo impresso neste espetáculo é foco constante de campanhas de saúde mental, palestras, livros, teses, estudos culturais e sociais, reportagens, filmes e, agora, será tema de uma peça. “O teatro pode, e muito, contribuir para os debates que brotam das questões de gênero, no mundo em que vivemos, que estão fervilhando e reclamando outros modos de discussão”, diz Amaury Lorenzo. SERVIÇO: “Por que não nós? Com Samuel de Assis, Amaury Lorenzo e Felipe Velozo Dias 07 e 08 de junho, sábado e domingo, às 19h Teatro da UFF: Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói - RJ Classificação Indicativa: 10 anos Duração: 100 minutos Ingressos: R$ 90,00 (inteira) e R$ 45,00 (meia) Vendas: http://www.guicheweb.com.br/centrodeartesuff