28 de julho de 2023

Salvem o Theatro Santa Thereza

Na década de 1890, Niterói, ou Nictheroy na grafia da época, vivia uma enorme crise: política, econômica e de autoestima. Perdeu para o recém criado município de São Gonçalo, 80% de seu território, incluindo aí todo distrito de Itaipu. Quando perdeu o status de capital da província durante a Revolta da Amada, em 1894, viu sumir importantes investimentos com a migração de toda a burocracia estadual para Petrópolis.

 A cidade que mais lutou e sofreu as consequências das batalhas travadas na Baía de Guanabara, se via então abandonada. Além disso, entre os muitos edifícios danificados pelos tiros de canhão, estava o então Theatro Santa Thereza, um próprio estadual desde 1888.   Leilão marcado para 30 de maio de 1896


 Sem interesse na reforma do prédio, fechado desde então, o presidente da província, Maurício de Abreu, resolveu leiloá-lo. E a antiga capital, já machucada, esvaziada, corria o risco de perder pra sempre seu maior templo dedicado à cultura. O Santa Thereza não era mais o pequeno teatro ao qual se dedicou por décadas João Caetano - reconstruído que foi 10 anos antes -, mas simbolicamente representava o suor e o talento de milhares de artistas aplaudidos em cena naquele endereço da rua da Imperatriz, depois XV de Novembro, nº 11, hoje 35.

O editorial do jornal 'O Fluminense' de 1º de março de 1896 reproduz esse clamor popular, na forma de um apelo para que a Câmara Municipal, na época quem de fato governava a cidade, arrematasse o prédio, a fim de, mantendo viva a memória, garantir o futuro da cena teatral niteroiense. Afinal, "nem só de pão vive o homem!".


Theatro Santa Thereza


Vamos fazer um apelo à digna Assembleia Municipal, ora reunida em trabalhos referentes ao progresso do município.

Dentro em pouco o martelo do leiloeiro abafará o lance de quem mais der e talvez que desse momento em diante fiquemos privados do único teatro que possuímos, porque é mais prático, é mais positivo transformar o edifício em fábrica ou estalagem, de que conservá-lo como um centro de diversões útil, indispensável entre os povos civilizados.

Todas as cidades do interior mantêm teatros; em Nova Friburgo constantemente funcionam companhias de diversos gêneros; Campos possui um excelente teatro.

Nictheroy tem o "Santa Thereza", fechado há muito tempo, divertindo-se a população apenas quando aparece alguma companhia de cavalinhos, quermesse ou fogos de artifício.

Muitas e muitas vezes temos abordado esta questão. Agora que o teatro vai ser vendido em hasta pública, apresente-se a Câmara como licitante; adquira o edifício e entre em acordo com o Governo sobre o pagamento em prestações.

O prédio não ameaça ruína como se propala; precisa ser reparado convenientemente e não será grande o dispêndio com as obras.

Ficará sendo um excelente ponto de renda e dentro em pouco o capital estará amortizado.

Não faltarão companhias que venham dar espetáculos; existem os clubes dramáticos que estão encostados à falta de teatro conveniente.

O edifício tem um belo salão apropriado para concertos e bailes. A aquisição, pois, desse próprio estadual, traduz-se em benefício real para o município e constitui fonte de receita.

Confessamos com franqueza: é lamentável, é tristíssimo, uma cidade como Nictheroy não ter um teatro.

Não confiamos absolutamente que seja ele comprado por particulares para o mesmo fim.

Se se perder esta ocasião quando teremos outro teatro?

Confiar na iniciativa para a construção de edifício apropriado não podemos fazê-lo, porque hoje os capitais estão retraídos e dificilmente eles serão embarcados para empresas deste gênero.

O nosso apelo é à Municipalidade.

Não se perca a ocasião que é excelente e essa medida terá aplausos.

Nem só de pão vive o homem.

O Fluminense, 1º de março de 1896


 Graças ao empenho do vereador Manuel Benício, o prédio do Theatro Santa Thereza foi sim arrematado pela Câmara e reformado. Ganhou até um novo nome: Theatro Municipal João Caetano. Em 1904, a "invicta" Nictheroy voltou a ser a capital do Estado e quatro décadas mais tarde, recuperou o terceiro distrito de São Gonçalo, região que hoje conhecemos como Oceânica.


25 de setembro de 2025
O Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, espaço educativo e cultural da Light em Rio Claro, será palco de um grande encontro cultural no sábado, 27 de setembro. O evento ‘Forró do Padroeiro’, gratuito e aberto ao público, começa às 16h e promete unir música, literatura, artes plásticas e contemplação do céu em uma programação diversificada. Programação • 16h – Café de boas-vindas • 16h30 – Abertura da exposição “Cores da Memória”, de Mariane Alves • 17h – Lançamento do livro “Tecidos de Memórias”, de Teresinha da Rocha Pereira, com apresentação de Saulo Soares • 18h – Declamação de literatura de cordel, com Mariane Alves • 18h15 – Show com o grupo Forró Rasta Sandália • 19h – Observação do céu com leitura de poemas • 19h30 – Show com o grupo Forró Rasta Sandália • 20h – Encerramento
25 de setembro de 2025
A Segunda Guerra Mundial é um dos capítulos da história mais bem documentados, com milhares de filmagens, mas sempre há algo a descobrir. Ainda mais com a perspectiva especial, como a apresentada em “Memórias da Segunda Guerra Mundial”, documentário inédito que estreia, com exclusividade, no Curta!, que traz raros registros caseiros do confronto e da vida cotidiana em meio ao caos! A produção integra a programação especial no canal e no streaming CurtaOn - Clube de Documentários que marca os 80 anos do fim da Segunda Guerra. O filme é produzido pela ZED e tem direção de Stéphane Miquel. As memórias esquecidas de vídeos caseiros são resgatadas no documentário a partir dos arquivos de cinegrafistas amadores na Normandia. O cotidiano na costa francesa é registrado antes e durante a Guerra, marcando um contraste claro entre os períodos. A partir dos olhos de cineastas como Robert Dasché, Pierre Le Bihan e Fernand Bignon, e das lentes de suas câmeras 8mm, somos apresentados aos sorrisos e a vida pacata da Normandia, tomada por banhistas no verão. Logo, as filmagens seriam mais discretas, capturando a tensão e aflição às vésperas do conflito que mudaria a vida dos cidadãos locais e de toda a Europa. “A guerra está de volta, porque um louco quis assim”, afirma um dos anúncios militares filmados colados na parede. O documentário mistura crônicas familiares à história com as raras imagens e contam, em silêncio, o desenrolar da guerra. O confronto não mudou apenas o passatempo dos cinegrafistas amadores que, a partir da ocupação nazista, foram proibidos de filmar, mas de toda a localidade. Cerca de 250 mil homens da região foram mobilizados para o conflito e quase 20 mil civis morreram. “Vamos vencer, pois somos mais fortes”, conclamava um cartaz. As gravações, agora clandestinas, mostram como o cenário e a vida mudaram. Da fresta de suas janelas, com coragem para registrar a história e denúncia da violência, os cinegrafistas revelam como pessoas comuns vivenciaram e sobreviveram à guerra e como elas conseguiam recriar momentos de felicidade em meio ao caos, escombros e olhares de medo. As filmagens incluem cenas do Dia D, que iria libertar a Normandia e a França dos nazistas. Eles gravam a esperança com a chegada dos Aliados e, à sua maneira, celebram e homenageiam memórias felizes. “Memórias da Segunda Guerra Mundial” é uma produção da ZED. O filme também pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br). A estreia é no dia temático Sextas de História e Sociedade, 26 de setembro, às 23h.