12 de novembro de 2025
A Sala José Cândido de Carvalho abre, com uma recepção para convidados na terça-feira, 11 de novembro, a partir das 18h, a exposição "Mergulho", de de Mapô Apolônio. Na mostra, que tem curadoria de Desirée Monjardim, e que fica em cartaz até 09 de janeiro de 2026, o corpo se abre como campo de inscrição, lugar de grafia e presença, onde o tempo se dobra e retorna em espirais. Mapô mergulha no azul profundo do waji, cor que atravessou mares e memórias. Em suas mãos, a matéria-prima não é apenas matiz, mas um território de encantamento e partilha. Cada imersão convoca o princípio de Iré Bogbo, expressão jorubá que deseja sorte e abundância a toda a comunidade. O azul se revela como oferenda, bênção, caminho de retorno. Os tecidos tornam-se memória e deslocamento. Ao honrar as Ganhadeiras de Café e as Carregadeiras de Balaios, Mapô reinscreve fartura e resistência: mulheres que sustentaram a diaspora com seus cestos retornam como presença. A fibra mergulhada em wají deixa de ser apenas matéria: transforma-se em passagem de forças, onde ancestralidade e vitalidade se encontram, abrindo a cor como território vivo. Ao tingir tecidos e peles de Aró, aproximamo-nos dos encantados da noite. Todas as peles tingidas tornam-se a própria noite, constelação expandida, espaço onde a ancestralidade reluz. E nesse escuro habitado pelos encantados que nos transmutamos em riquezas e brilhos que só vivem no anoitecer. No azul profundo, o que parecia silêncio vibra; corpos cintilam; lampejos atravessam o tempo; clarões anunciam outros começos. Mapô nos envolve em submersão, onde uma luminosidade insurgente irrompe da memória, do corpo e da ancestralidade. Mergulhar aqui, é também renascer. Mapô Apolônio nasceu em Niterói, em 1995, é performer, ator e educadora. Pesquisa linguagens que evidenciam a poética da macumba brasileira, a fé nos orixás, nas entidades sagradas e nas cosmopolíticas afro ameríndias, os gestos e procedimentos do sistema Nagô Iorubá e as encruzilhadas com a cosmogonia Bantu. Com obras apresentadas no Brasil e na Colômbia, participou de exposições coletivas no Mac Niterói, MUHCAB, Sesc Copacabana, Centro de Artes UFF, Galeria Gentil Carioca, Lado B, Galpão Bela Maré. É formada na EAV Parque Lage e Elã Escola Livre de Artes. Integrou as residências artísticas Casa da Figueira, Terra Afefé, Xica Lab, Lab Symbiosys, Flerte com Arte e Plataforma Defluxo. Serviço Exposição 'Criaturas', de Lucia Costa Curadoria: Desirée Monjardim Assistente de curadoria: Lina Ponzi Abertura: 11 de novembro de 2025, às 18h Visitação: até 09 de janeiro de 2026 - 2ª a 6ª, das 9h às 17h Classificação indicativa: Livre Entrada Gratuita Local: Sala José Cândido de Carvalho Rua Presidente Pedreira, 98. Ingá, Niterói – RJ