10 de maio de 2022

MAC Niterói: exposição de Antonio Kuschnir retrata ansiedade, tecnologia e pandemia

Antonio Kuschnir – artista mais jovem a ocupar o Salão Principal do MAC Niterói – abriu a exposição “Choro”, com curadoria de Victor Valery. A mostra é composta por 73 telas, que refletem sobre o poder de julgamento no mundo digital e fica em cartaz até junho

Para preparar o trabalho, o artista levou em conta o uso excessivo das redes sociais, como gerador de ansiedade e insegurança aos seus usuários, já que, com a pandemia, o contato físico interpessoal precisou ser reduzido.


Kuschnir partiu da premissa de que o necessário distanciamento social intensifica aflições já presentes na relação da sociedade contemporânea com a tecnologia. A partir daí, ele aprofunda suas reflexões sobre o mundo atual e presenteia o público com uma série de pinturas que ecoam sobre pandemia, redes sociais e ansiedade.

O choro e o grito aparecem nas telas, em diálogo com monitores de computador, celulares e espadas – objetos ambíguos de gozo, poder, tortura e morte. O objetivo do artista é que as pinturas, que vão de pequena escala a grandes painéis, operem como dispositivos de catarse que possam permitir o confronto, a assimilação e a cura de feridas estruturais, sociais e afetivas.

Segundo o artista, “as mídias digitais, quando utilizadas de forma mal intencionadas, podem propagar o terror e a desinformação, por meio de fake news”. Então, em “Choro” são retratados objetos do cotidiano, como o celular, que está cada vez mais incorporado ao dia a dia das pessoas, como um veículo de medo e angústia.


Como em uma cena da Tragédia clássica, as pinturas trazem a dor em seu ápice. O “choro”, neste sentido, pode ser lido tanto quanto substantivo quanto o verbo no ato do artista chorar, em “eu choro”. Ativa-se uma polissemia: de início, o desconforto; em outro plano, o convite à reflexão e identificação com representações pictóricas e experiências sociais mais amplas.


Segundo Valery, curador, “a elaboração, conclusão e comercialização da série ‘Choro’, de Antonio Kuschnir, é uma vitória para o artista, que não parou um segundo de estudar e aperfeiçoar seu material para apresentá-lo ao mundo retratando sentimentos em um período tão difícil para todos”. E completa: “a expressividade dos objetos do cotidiano e a violência nas pinturas são alegorias para mostrar o quão fácil é julgar o outro e ser julgado nos dias de hoje”, simbolizando que a tecnologia quando mal direcionada pode ser utilizada como ferramenta de disputa de poder e dominação nas relações contemporâneas.


De acordo com Victor De Wolf, diretor do MAC Niterói, “a pintura de Kuschnir é cheia de energia e com boas referências históricas, porém sempre atualizadas para o contemporâneo”.


Além de experiência de autoconhecimento, a exposição convida o visitante a refletir sobre a conjuntura política, a desigualdade e os padrões sociais, encarando suas feridas para transformá-las. O artista traz luz à importância da arte como meio de questionamento e revolução na sociedade – e como objetos do cotidiano podem afetar tanto positiva quanto negativamente as relações com pessoas e com o mundo.


MAC Niterói – Mirante da Boa Viagem, s/nº, Boa Viagem, Niterói, RJ. 

30 de julho de 2025
No dia 31 de julho, às 14h30, Luiz Dolino recebe o público para uma visita guiada seguida de bate-papo. Será no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, que abriga a grande mostra individual “Inventário Parcial”, que celebra seus 80 anos marca o retorno de Dolino à cidade onde foi criado. Telas de grandes dimensões produzidas recentemente, entre 2020 e 2025, são exibidas em conjunto com algumas obras concluídas há 45 anos. Junto à curadora, Monica Xexéo, estarão presentes no encontro artistas renomados que com ele possuem forte vínculo: Ana Durães, Gonçalo Ivo, Luiz Aquila e Manfredo de Souzanetto.  Na ocasião da abertura, há pouco mais de um mês, foi lançado o livro de mesmo título, contendo ilustrações e textos de críticos arte, artistas e amigos pessoais, como Carlos Drummond de Andrade, Nélida Piñon, Frederico Moraes e Leonel Kaz. Com mais de cinco décadas de carreira no Brasil e tendo percorrido países mundo afora (Espanha, Portugal, Grécia, Áustria, Perú, Uruguai, Argentina), o artista plástico fluminense Luiz Dolino tem o trabalho reconhecido pela abstração geométrica. Marcadas pelo uso de cores e justaposições criativas, suas telas se destacam pela combinação que ele, como artista com formação também em ciências exatas, faz com singular precisão. Na casa-ateliê em Petrópolis, no meio da natureza exuberante, a produção segue em ritmo enérgico, como o espectador poderá testemunhar na mostra que ficará em cartaz até o dia 24 de agosto, ocupando o mezanino do museu. Estudado por importantes historiadores da arte, críticos de arte e museólogos, Dolino fez da pintura o seu território, a sua poesia, a sua existência. Serviço “Inventário Parcial” Artista: Luiz Dolino Curadoria: Monica Xexéo Visita guiada com roda de conversa no dia 31 de julho, às 14h30 Local: Museu de Arte Contemporânea de Niterói Endereço: Mirante da Boa Viagem s/nº - Boa Viagem, Niterói Visitação: até 24 de agosto de 2025 Funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 18h. A rampa de acesso às galerias é fechada às 17h30. Ingressos: Inteiro: R$ 16,00 (dezesseis reais) Meia-entrada: R$ 8,00 (oito reais) - é exigida a comprovação do direito ao benefício na bilheteria do museu. Têm direito à meia-entrada idosos a partir de 60 anos, jovens de baixa renda com idade entre 15 e 29 anos inscritos no CadÚnico, estudantes de escolas particulares, universitários e professores. Classificação livre
30 de julho de 2025
A partir do dia 29 de julho, o Museu Ciência e Vida, em Duque de Caxias (RJ), abre as portas para a estreia da exposição nacional Maré de Mudanças – Década dos Oceanos. Com entrada gratuita, a mostra ocupa o segundo andar do museu, localizado no Jardim 25 de Agosto, promovendo encontros entre arte, ciência e os objetivos da Década dos Oceanos. Aberta ao público, a exposição recebe visitas e imersões de segunda a sábado, entre 9h e 17h. A "Maré de Mudanças" é uma realização da LB Circular, patrocinada pela Águas do Rio, uma empresa Aegea, com o objetivo de promover a educação ambiental nas cidades em que atua. Em circulação, a edição no estado do Rio de Janeiro apresenta novas e consagradas instalações artísticas assinadas por Subtu, oficinas criativas do Coletivo Flutua e uma performance ao vivo da VIA, prevista para o dia do lançamento, na terça-feira. Em cartaz até o dia 29 de outubro, a exposição retoma com acesso gratuito ao circuito de visitas guiadas, painéis interativos, videoartes, projeções fotográficas, efeitos sobre tecidos fluidos e intervenções artísticas, com o objetivo de encantar os visitantes e repetir o sucesso da mostra no município de Rio Grande (RS). Antes da abertura oficial no Rio de Janeiro, a mostra realizará o tradicional vernissage reservado a convidados na manhã do lançamento, dia 29, a partir das 10h30. A cerimônia de abertura contará com a presença de membros do Instituto Aegea e Águas do Rio; representantes do Museu Ciência e Vida; Fabíola Vasconcelos e Ricardo Miranda pelo time educativo do projeto; a diretora do Maré de Mudanças, Liu Berman; as artistas do Coletivo Flutua, Gyulyia, Via, Iskor e Padre, além da equipe de produção e direção de arte. Durante o lançamento da exposição, o público poderá participar de rodas de conversa com especialistas e interagir com o acervo imersivo e sensorial, voltado à temática oceânica. As atividades fazem parte da programação oficial do Museu que, em julho, celebra quinze anos de fundação, promovendo o acesso à informação e ao conhecimento científico na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro ao longo de uma década e meia. “Estamos preparados para uma nova etapa aqui, em Duque de Caxias, após entregarmos um verdadeiro legado de arte, educação e consciência ambiental para milhares de gaúchos, turistas e dezenas de escolas no sul do país. Chegamos ao sudeste com a missão de ampliar esse impacto e atravessar as fronteiras do território brasileiro. O ‘Maré de Mudanças’ têm esse efeito de conectar o grande público, independente da idade, à vastidão dos oceanos, compreendendo sua importância e levando um novo olhar à respeito da importância da Década dos Oceanos”, destaca Liu Berman, diretora da LB Circular e embaixadora do Movimento Reinventando Futuros Todos os artistas do projeto original permanecem nesta nova etapa da mostra, que segue ampliando seu repertório visual e sensorial em Duque de Caxias. A assinatura cenográfica de Rodrigo Machado, do estúdio Buriti, continua presente, assim como as obras vindas de Rio Grande, já instaladas nos corredores do museu. Entre elas, destaca-se a intervenção ‘Latente’, do artista visual paulista Subtu, com três metros de largura por seis de comprimento, que ocupa o espaço com força e delicadeza. Subtu também assina uma das novidades da edição, ‘Tralha Marinha’ (raia com tecido), e se junta a nomes já conhecidos do público, como o Coletivo Flutua, que retorna com ‘Entremear’, e Iskor, com a experiência imersiva ‘Mar de Fantasmas’. Somando-se às experiências já anunciadas, outras videoartes também integram esta etapa carioca da exposição. Arthur Boniconte (Midiadub) apresenta ‘Oceano Artificial’; Gyulyia assina a contundente ‘Maré Morta’; Renata Larroyd traz ‘Linha Divisora’; e VIA retorna com ‘Trama das Coisas’, ‘Ato I’ e uma performance ao vivo na cerimônia de lançamento. Completando o conjunto, o artista Padre apresenta ‘A Cidade e a Água’, aprofundando o diálogo entre arte, cidade e meio ambiente. Com curadoria de videoartes e projeções assinada por Luis Felipe Martins, direção artística de obras e instalações por Priscila Oliveira e direção geral de Liu Berman, o novo acervo aposta em formatos transmídia para dialogar diretamente com um público diverso, que inclui estudantes, docentes, famílias, instituições e corporações. Fomentando a educação nas periferias, o ambiente aborda temas como mudanças climáticas, biodiversidade, poluição e regeneração dos oceanos a partir do olhar sensível das intervenções artísticas, das cartilhas digitais de Educação Oceânica e Circularidade, e da projeção de textos e infográficos. "Todas as obras que eu vou expor com o ‘Maré de Mudanças’ se deram por um conjunto de muitas experiências de vários anos, e de pequenas referências que vamos adquirindo, seja em uma viagem ou um lugar da natureza (...). No geral, esse conceito que permeia todas as obras, que é a ‘conexão entre todas as coisas’, é um conceito muito da ‘ecologia’ e tem tudo a ver com a ideia do Maré de Mudanças; de trazer essa conscientização ambiental e essa visão de uma forma artística, lúdica, que as pessoas se encantem com a mensagem”, comenta a artista multidisciplinar VIA, que terá trabalhos expostos na mostra. Diante de um novo público, a instalação da mostra no Museu Ciência e Vida estabelece um diálogo direto com os moradores da Baixada Fluminense, além de cariocas e turistas de todo o país. “Considero a exposição Marés de Mudanças de extrema importância para o Museu Ciência e Vida, pois sua temática é atual e dialoga diretamente com as questões ambientais locais. Além disso, trata-se de uma mostra atrativa, que certamente despertará o interesse das escolas para visitação, não apenas por sua expografia envolvente, mas também pelo fato de a temática da educação ambiental ser facilmente trabalhada no contexto da educação básica. Por fim, a exposição articula-se de maneira consistente com o tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2025, ampliando as possibilidades de ações educativas e de divulgação científica” afirma Mônica Santos Dahmouche docente da Fundação Cecierj - Museu Ciência e Vida/da. O diretor-executivo da Águas do Rio, Samuel Augusto, reforça o apoio à mostra Maré de Mudanças, destacando o compromisso do grupo Aegea com a preservação ambiental e com o futuro das próximas gerações. “A mostra é uma oportunidade de inspirar reflexão e ação. Por meio da arte e da informação, conseguimos sensibilizar a população sobre a importância do saneamento básico e do cuidado com os nossos recursos naturais. Apoiar iniciativas como essa é parte da nossa missão de transformar realidades e construir um legado mais sustentável”, afirma. O Maré de Mudanças é uma realização da LB Circular, com patrocínio do Instituto Aegea – mediante a Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura. SERVIÇO Evento: exposição nacional ‘Maré de Mudanças - Década dos Oceanos’ Data: 29 de julho à 29 de outubro Horário: de segunda a sábado, entre 9h e 17h. Local: Museu Ciência e Vida Endereço: R. Aílton da Costa, S/N - Jardim Vinte e Cinco de Agosto, Duque de Caxias - RJ, 25071-160\