30 de julho de 2025

“FERA” estreia no Espaço Cultural Sérgio Porto

Livremente inspirado em O Olho do Crocodilo, da filósofa australiana Val Plumwood, “FERA” leva ao palco um episódio real: o ataque que Plumwood sofreu de um crocodilo no parque nacional de Kakadu, na Austrália. Em cena, esse instante anterior à morte, quando ela encara o animal nos olhos, é expandido poeticamente. Dirigida por Natasha Corbelino, a atriz Carolina Ferman contracena com uma caixa de som, transformando o solo em duo, e ampliando a ideia de um espetáculo que acontece no “entre”: o humano e o selvagem, a natureza e a máquina, a vida e a morte. “FERA” fica em cartaz até final de agosto no Espaço Cultural Sérgio Porto.


Fruto de pesquisa autoral, o desejo de levar à cena um encontro dessa magnitude começa quando a atriz é capturada pela leitura de outra obra: “Escute as Feras”, de Natasha Martin. Carolina passava pelo puerpério e, embora não cogitasse fazer uma peça sobre maternidade, sentiu o ímpeto de buscar mais histórias que falassem sobre essa alteridade radical, o encontro selvagem de uma mulher com um outro, capaz de transforma-la completamente. Nessa busca, a atriz se deparou com “O olho do crocodilo”:


“Essa história me tocou porque fala sobre vulnerabilidade extrema. Não é uma metáfora, é uma história real, é um testemunho dessa filósofa ambientalista, uma ecofeminista, que pensava a natureza e acabou tendo esse encontro cru, selvagem com um crocodilo. Fiz um paralelo com o que eu estava vivendo naquele momento com a minha filha, mesmo sendo um universo outro, que não tem nada a ver com a maternidade, a transformação daquela mulher a partir daquele encontro me capturou. O tamanho do medo e da coragem que nascem disso. Essa é a natureza bruta e crua”, revela


É nesse espaço-tempo expandido que personagem e atriz se encontram, entrecruzando a biografia da filósofa, a corporeidade da intérprete e as forças que atravessam a lucidez e o delírio desse momento. A peça propõe uma experiência cênica atravessada por urgências contemporâneas: a crise ecológica, o protagonismo feminino nas artes, a relação entre corpo e tecnologia, e o resgate de vozes invisibilizadas no pensamento filosófico.


Selvagem, humana e tecnológica


Acompanhada de uma caixa de som, que deixa de ser um mero suporte técnico para se tornar uma segunda personagem, a relação performativa entre corpo humano e máquina cria um duo cênico que fricciona o desejo de reconexão com o mundo natural, hoje atravessado pela mediação tecnológica. A caixa e a atriz estabelecem uma simbiose repleta de tensão e afeto, revelando fronteiras cada vez mais borradas entre o orgânico e o artificial.


Segundo Carolina, a provocação partiu da diretora: “desde o começo, a Natasha falou que queria algum tipo de radicalidade na linguagem que dialogasse com a radicalidade que é ser mordida por um crocodilo. É a vulnerabilidade levada ao seu extremo, de forma quase fantástica, se a gente for pensar”, lembra.


Gravada como exercício, a faixa de som emitida pela caixa tem 55 minutos. Depois do prólogo, a atriz dá o play e precisa fazer a peça acontecer dentro deste tempo pré-determinado: “Eu dou play e preciso me encaixar. Ela não para. É uma faixa ininterrupta. Então a peça tem uma rigorosidade técnica de partitura física, vocal, emocional muito rígida, precisa caber ali. Nossa vida está atravessada o tempo inteiro pela tecnologia, e nisso tem afeto, tem comando e tem controle também. A máquina é um outro corpo com quem eu estabeleço um vínculo de escuta, de dependência, de confronto. É ao mesmo tempo uma libertação e um cárcere”, comenta.


Protagonismo feminino


Escrita, dirigida e encenada por mulheres, FERA afirma-se como obra de protagonismo feminino, que amplia vozes invisibilizadas e reaviva o pensamento de Val Plumwood, ainda inédita em tradução no Brasil.


“A forma como lidamos com a natureza é o que legitima todas as outras formas de opressão e dominação, tudo é um espelhamento dessa crença de superioridade. Como a gente propõe uma nova ética entre tecnologia e mundo natural? Porque é um caminho sem volta. Essa convivência híbrida, porosa, é um caminho sem volta. O espetáculo busca o elemento novo, essa nova ética”, conclui Carolina Ferman.


 


SERVIÇO


Local: Espaço Cultural Municipal Sergio Porto, Rua Humaitá, 163 - Humaitá, Rio de Janeiro - RJ, 22261-000


Temporada: 07 a 31 de agosto de 2025


Horários: Sextas e sábados 19h, domingos18h


Ingressos: R$40 (inteira); R$20 (meia)


Link para ingressos: https://ingressosriocultura.com.br/riocultura/events/46406?sessionView=LIST&fbclid=PAQ0xDSwLfqORleHRuA2FlbQIxMQABp4a7UxIEaR0JbWRwziDmrVM4QFP_HmVEjCuk_ajvHgQZbVx5OQW-8pLO2ELh_aem_wVCegFR7qamYU1QLH2gs-A


Classificação: 18 anos


Duração: 60 minutos

16 de setembro de 2025
A Orquestra de Flautas da Casa do Choro é a atração que o projeto Quarta Clássica leva para o palco do Theatro Municipal de Niterói na quarta-feira, 17 de setembro, às 19h. A Orquestra de Flautas da Casa do Choro (OFCC) é um dos grupos formados pelos alunos da Casa do Choro, Rio de Janeiro. Foi criada em 2016 pela maestrina Naomi Kumamoto, pianista e flautista formada pela Universidade de Pedagogia de Osaka, mestre da Escola Portátil de Música e na Casa do Choro. O repertório é composto basicamente por choros, tangos brasileiro, valsas e baião, de nomes como Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Tom Jobim, Altamiro Carrilho, Leandro Braga, Marcílio Lopes e outros. O repertório da OFCC, no entanto, é uma obra aberta, está sempre em atualização.  Serviço Quarta Clássica - Orquestra de Flautas da Casa do Choro Data: Quarta-feira, 17 de setembro de 2025 Horário: 19h Duração: 60 min Classificação indicativa: Livre Ingressos: R$ 20 (inteira) Vendas pelo Fever, ou na bilheteria do Theatro Municipal de Niterói Local: Theatro Municipal de Niterói End: Rua XV de Novembro, 35 - Centro, Niterói Site: www.tmjc.com.br
16 de setembro de 2025
A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de anunciar Wanda Pimentel – Percurso em Preto e Branco, com abertura dia 16 de agosto na Carpintaria, Rio de Janeiro, marcando a primeira mostra da artista na sua cidade natal desde seu falecimento, em 2019. A mostra reúne, pela primeira vez, a série Animais, um conjunto de desenhos em preto e branco realizados nos primeiros anos de sua trajetória. Criadas entre 1965 e 1967, essas obras dão a ver um período formativo de experimentação, marcando o surgimento da linguagem visual singular de Pimentel. Com traços agitados e vigorosos, numa paleta restrita, Pimentel desenhou animais, alguns identificáveis, outros inventados, cujas formas pulsam, serpenteiam e vibram em meio a emaranhados gráficos de rabiscos e marcações. Besouros, cangurus, tatus, tartarugas, morcegos, girafas, corujas e macacos aparecem retratados com uma mão investigativa, como se a artista explorasse as texturas de pelos, penas, escamas e peles, apenas para distorcer suas formas e padrões nos espaços alucinatórios de seu bestiário estilizado. Periodo da exposição: 16/08 — 25/10/2025 Visitação: Terça a sexta-feira: 10h – 19h | Sábado: 10h – 18h Endereço: Carpintaria — Rua Jardim Botânico, 971, Rio de Janeiro