22 de dezembro de 2024

Exposição Sisson, 200 Anos está aberta à visitação do público na Biblioteca Nacional

Sabe o que José de Alencar, Dom Pedro II e a Princesa Isabel têm em comum com outros nomes conhecidos da literatura e da política durante o período imperial brasileiro? É que todos eles tiveram seus retratos feitos pelo artista francês Sébastien Auguste Sisson. E quem quiser saber mais e conhecer a obra do autor da primeira história em quadrinhos (HQ) do Brasil pode ver mais de 170 retratos na Exposição Sisson, 200 Anos, que se encontra no terceiro andar da Biblioteca Nacional, na Cinelândia, no Centro do Rio. A mostra é aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas. As visitas são gratuitas e podem ser feitas até 22 de janeiro de 2025.



Depois do sucesso da abertura, ocorrida em 25 de outubro, a exposição tornou-se objeto de debate entre pesquisadores sobre a importância que Sisson tem na preservação da memória de ilustres figuras históricas do Brasil. Uma das ilustrações disponíveis ao público é a versão original de “O Namoro, Quadros ao Vivo”, primeira HQ da história do País, publicada na revista Brasil Ilustrado em 15 de outubro de 1855.



Para a curadora da exposição, Bárbara Ferreira, a reflexão sobre o impacto da trajetória dos antepassados inspira as pessoas no tempo presente, fortalece e serve como exemplo, incluindo até aquilo que não se pode e/ou não se deve ser feito. Tudo isso, afirma a curadora, “nos incentiva a superar as dificuldades do dia a dia e a seguir em frente”. Além disso, ela complementa:



"E quando alguém deixa como legado algo maior, que atinja muito mais pessoas, outras além de seus familiares e amigos, algo que se perpetua no tempo, esse, merece destaque, merece ser lembrado e sua memória, merece ser preservada. Assim é Sisson, um homem que nasceu há 200 anos! E hoje estamos lembrando sua existência e seu legado para que sua passagem pelo mundo continue a inspirar pessoas hoje e sempre”, conta Bárbara.


Outras duas importantes vertentes artísticas de Sisson estão na mostra: as belíssimas gravuras de paisagens e monumentos do Rio de Janeiro da segunda metade dos anos 1800, e divertidas charges e caricaturas que ilustraram periódicos daquela época.



A respeito das imagens de diferentes partes da então capital imperial, Sisson fez diversos registros a partir da segunda metade do século XIX. E a forma fidedigna com a qual fazia as litogravuras de retratos de personalidades daquela época despertou atenção até de Machado de Assis.



Em um trecho de “O Velho Senado”, o autor de Dom Casmurro e Esaú e Jacó disse as seguintes palavras sobre o artista:



“A propósito de algumas litografias de Sisson, tive há dias uma visão do Senado de 1860. Visões valem o mesmo que a retina em que se operam. Um político, tornando a ver aquele corpo, acharia nele a mesma alma dos seus correligionários extintos, e um historiador colheria elementos para a História. Um simples curioso não descobre mais que o pitoresco do tempo e a expressão das linhas com aquele tom geral que dão as cousas mortas e enterradas”.



Já a respeito das caricaturas, ninguém menos que o poeta Carlos Drummond de Andrade elogiou a HQ de Sisson na ocasião da exposição "A caricatura na imprensa do Rio de Janeiro", em 1954. Essa afirmação foi feita pelo curador da exposição, Herman Lima, em seu livro História da caricatura no Brasil, editado em 1963.


Um dos precursores da litografia no Brasil, Sébastien Sisson tem sua história intimamente ligada à Biblioteca Nacional. Na mais antiga instituição cultural do Brasil, fundada em 1810, o artista foi responsável por restaurar gratuitamente inúmeras gravuras que tinham se desgastado ao longo dos anos.



Para o presidente da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, Sisson é uma das “lentes mais poderosas do século XIX no Brasil” por ter ampliado o olhar a respeito da história do próprio país por meio da litografia.



“Sisson deu rosto ao que hoje talvez não alcançasse mais que uma frase ou parágrafo. Permitiu a realização de biografias ilustradas, em sua famosa e rara Galeria. Uma perfeita conjunção entre a arte da foto e da litografia, mediante uma correta utilização do claro-escuro, da distribuição das figuras, bem como de certa imaginação e delicada ironia. Também conhecido pela sequência de imagem e palavra, como percurso de quadrinistas, entre o palácio e a rua, o rosto e a paisagem, sem perder uma atmosfera difusa, nítida e eloquente, quanto mais sutil e difusa”, afirma Lucchesi, acrescentando que o artista é “um patrimônio da história do Brasil e da Biblioteca Nacional”.



Genealogista e designer, empresária do ramo de memória, especialista em Projetos de Design de História de Família, Bárbara explica que o início de sua paixão por genealogia foi por acaso. Interessada em desvendar detalhes sobre a família do marido, Christian Sisson, tataraneto de Sébastien, a curadora resolveu pesquisar sua árvore genealógica. Ao descobrir a participação importante do tataravô do esposo na história do País, percebeu que tinha algo extremamente valioso em mãos e, assumindo para si a responsabilidade de cuidar dessa memória, decidiu criar o Instituto Sébastien Sisson (sebastiensisson.org), do qual é diretora-geral.




Serviço:


Exposição Sisson, 200 Anos

Data: Até 22 de janeiro de 2025

Horário: segunda a sexta-feira, 10h00 às 17h00

Entrada gratuita

Local: Biblioteca Nacional (3º andar)

Endereço: Avenida Rio Branco, 219, Cinelândia, Centro, Rio de Janeiro – RJ

Classificação livre


15 de julho de 2025
Na quinta-feira, 17 de julho, às 19h30, a Orquestra Forte de Copacabana apresenta na Sala Nelson Pereira dos Santos, o projeto Vibrações Metropolitanas, iniciativa que promove intercâmbios entre grupos de educação musical da Região Metropolitana do Rio. Após passar por Duque de Caxias e Maricá, o projeto encerra suas ações de integração em Niterói, com uma apresentação especial na Sala localizada no bairro de São Domingos. A proposta valoriza a troca de experiências e saberes musicais entre jovens talentos, fortalecendo laços culturais e incentivando o desenvolvimento artístico regional. Serviço Orquestra Forte de Copacabana Datas: Quinta-feira, 17 de julho de 2025 Horários: 19h30 Duração: 70min Classificação indicativa: Livre Entrada franca (com distribuição de ingressos 2h antes do início do espetáculo)  Local: Theatro Municipal de Niterói End: Rua XV de Novembro, 35 - Centro Telefone de contato: (21) 3628-6908
15 de julho de 2025
Ao som de cantigas autorais em yoruba e bantu, sete bailarinas, seis músicos e um cenário que encanta os espectadores, o espetáculo de dança Manifesto Elekô, terá 3 apresentações, de 17 a 19 de julho, sempre às 19h, no Teatro Carlos Gomes. Contemplada no Edital Pró-Carioca Linguagens, a peça, com idealização e concepção de Fábio Batista e realização Cia Clanm de Danças Negras, conecta a orixá Obá, uma das mais fortes da mitologia afro-brasileira, às histórias das mulheres negras da atualidade. Os ingressos variam de R$ 10 a R$ 20. Serão destinados 20% dos ingressos para pessoas em situação de vulnerabilidade social, estudantes, professores, pessoas transgêneras e deficientes físicos. O projeto contará ainda com uma oficina de dança ministrada por Fabio Batistas e as artistas do espetáculo. Mais do que uma análise sobre como mulheres negras vêm se adaptando aos desafios diários, segundo o diretor geral do Manifesto Elekô, Fábio Batista, a peça pretende dar visibilidade aos espaços de destaque que elas vêm ocupando em diversos setores da sociedade. “Obá sai de um sofrimento extremo e chega ao generalato de um exército, ocupando o mais alto escalão da proteção das mulheres. Queremos mostrar que, assim como ela, suas contemporâneas também estão percorrendo esse caminho. A mensagem principal é que ainda que haja dor no processo, é preciso dar ênfase às conquistas e à resiliência”, analisa Fábio. Contrapartida social Após cada apresentação, a Cia Clanm de Danças Negras e o diretor realizarão uma homenagem a lideranças femininas negras e bate-papo com o público presente, além de oficinas de dança, ministradas por Fábio Batista e os artistas do espetáculo. Os interessados em participar devem acessar o formulário disponível no perfil do espetáculo no Instagram. SERVIÇO Espetáculo Manifesto Elekô De 17 a 19 de julho Horário: Quinta à sábado, às 19 h Ingressos: R$30 Inteira | R$15 Meia entrada (prevista em Lei), disponíveis no Sympla Local:Teatro Nelson Rodrigues (Av. República do Paraguai, 230 - Centro, Rio de Janeiro) O espetáculo terá interpretação em Libras. Classificação Indicativa: 14 anos