10 de maio de 2022

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A Constituição Federal, dentre os direitos fundamentais e suas garantias sociais traz, além de muitos outros, o Direito à Cultura e ao Lazer.

No Brasil, o Direito à Cultura é previsto na Carta Magna como um direito fundamental do cidadão. Segundo ela, cabe ao Poder Público possibilitar efetivamente a todos a fruição dos direitos culturais, mediante a adoção de políticas públicas que promovam o acesso aos bens culturais, a proteção ao patrimônio cultural, o reconhecimento e proteção dos direitos de propriedade intelectual bem como o de livre expressão e criação.
O direito à cultura é uma eficácia da garantia social ao lazer, uma vez que impõe como competência da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a proteção aos bens de valor histórico e artístico e a promoção ao meio de acesso à cultura, educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação, não perdendo de vista o esporte, como um meio de lazer.
Muito embora o lazer e a cultura, na prática, tenham se mostrado direitos relegados ao segundo plano em relação aos demais direitos fundamentais e sociais, eles tangenciam diversas áreas das garantias sociais e individuais, a exemplo do direito à educação, trabalho, segurança, proteção à infância, direitos autorais e artísticos. E portanto, a garantia social ao lazer é abarcada no próprio Direito à Cultura.
O Direito da Cultura e Entretenimento pode ser traduzido então como um direito fundamental, como uma garantia social, onde é aplicado às atividades culturais e desportivas, com o objetivo de proporcionar segurança jurídica e garantir o respeito às leis no desenvolvimento das artes e dos esportes, bem como promover seu acesso à sociedade.
Não há dúvidas que a Lei de Incentivo a Cultura (Lei Rouanet) e a Lei do Audiovisual (Lei nº 8.685/93) possibilitaram a amplitude das políticas públicas relacionadas à cultura, lazer e esporte, a exemplo do PRONAC - Programa Nacional de Apoio à Cultura.
As leis surgiram com o escopo de incentivar o investimento em cultura em troca, a princípio, de incentivos fiscais, pois com o benefício no recolhimento do imposto a iniciativa privada se sentiria estimulada a patrocinar eventos culturais, uma vez que o patrocínio além de fomentar a cultura, valoriza a marca das empresas junto ao público.
Com a Lei Rouanet surgiram três formas possíveis de incentivo no país: o Fundo Nacional de Cultura (FNC), os Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart) e o Incentivo a Projetos Culturais por meio de renúncia fiscal (Mecenato). Ocorre contudo, que com o tempo a lei foi ficando defasada, além de ter sido totalmente mitigada com a implementação de Medidas Provisórias e destinação de recursos divergentes daqueles do mercado artístico, cultural e desportivo.
O surgimento da internet, equilíbrio na inflação, mudança do contexto artístico, cultural, político e econômico do Brasil para o mundo, fez como que o Ministério da Cultura, incentivasse uma mudança, surgindo então o Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura – Procultura (Projeto de Lei nº 6722/2010), que veio a alterar a Lei Rouanet.
O apoio do Ministério da Cultura aos projetos culturais por meio da Lei Federal e também por editais para projetos específicos, lançados periodicamente, valoriza a diversidade e o acesso à cultura, como um direito de todos dentro da democracia e ampliando a liberdade de expressão.
Hoje a cultura tornou-se uma economia estratégica no mundo, que depende não só do investimento público como do privado. O acesso à cultura e ao lazer está diretamente ligado a um novo ciclo de desenvolvimento do país: a universalização do acesso, diversidade cultural, desenvolvimento da economia e cultura. Não se perca de vista a realização da Copa e das Olimpíadas, por exemplo, que levam as empresas a injetarem um maior investimento nos atletas, assim como nos eventos culturais nas localidades onde são realizados.
Em meio a esse turbilhão de direitos e garantias fundamentais, mesmo com o esforço do Governo nas diversas tentativas de implementação de políticas públicas, válido destacar que, embora levado a segundo plano, o Direito da Cultura e Entretenimento em verdade está saindo nesta zona de “sub-direito”, para se lançar como uma potencial garantia jurídica.
Afora as políticas públicas e ações do governo, que podem ser exigidas a partir de uma Ação Popular, ou em um litígio casuístico, as ações de empresários como realização de eventos por produtores culturais no Brasil, também são alvos de lide, demandas judiciais tanto públicas como privadas.
Festivais de artes, espetáculos, shows e festas, estão sujeitos a uma série de controles e restrições, o que ocasiona grande impacto urbanístico e ambiental, e por envolverem interesses de uma grande gama de categorias especiais, como, por exemplo, crianças, adolescentes, consumidores, estudantes, entre outras, exigem um amplo conhecimento nas diversas áreas jurídicas, além de abrangerem um grande número de leis esparsas das mais diversas naturezas; algumas locais, outras estaduais e nacionais, que têm que ser conhecidas por todos aqueles que se propõem e se dedicam à realização de eventos no país.
Pode-se concluir que o Direito da Cultura e Entretenimento não só tem espaço no mundo jurídico como reina em diversas áreas que burocratizam e disciplinam a arte, cultura, lazer, o esporte, educação e quantos ramos forem necessários para se garantir a efetividade do exercício da garantia constitucional, seja a um cidadão comum, como ao empresário.


Por Suzana Fortuna

13 de junho de 2025
A Fundação de Arte de Niterói apresentou o projeto Memória Niterói, que tem como objetivo coletar e documentar a memória oral de personalidades e acontecimentos importantes na cultura niteroiense, abrindo caminho para novas gerações. Com direção de Alexandre Porto, o Memória Niterói é uma série leve e divertida, uma contação de histórias. Vamos receber artistas, produtores, gestores, historiadores e jornalistas, seus projetos e parceiros, seus desafios, conquistas e suores. Inspirado no 'Depoimentos para a Posteridade' do Museu da Imagem e do Som, o Memória Niterói quer homenagear niteroienses de nascimento e adoção, que de alguma forma contribuem para a construção do cenário artístico-cultural da Cidade Sorriso. Na primeira edição, ícones como os músicos Chico Batera, Ronaldo Bandolim e Paulinho Guitarra, se juntam à professora e historiadora Ismênia Martins e ao fotógrafo e jornalista Carlos Ruas. Eles contam fatos que viveram ao longo de décadas, consolidando Niterói como um polo de cultura e arte reconhecido nacional e internacionalmente. Fazer e promover arte é sempre um desafio num país com tantas carências socioeconômicas, mas Niterói sempre foi um celeiro e ainda hoje é uma das cidades que mais investe no setor. E isso é um motivo de orgulho. Preservar essa memória é um desafio e um legado que a Prefeitura Municipal e a FAN pretendem deixar para a sociedade. Os personagens Nascido em Madureira, em 1943, Francisco José Tavares de Souza ou Chico Batera é uma lenda da MPB. Baterista, percussionista e compositor, já tocou com alguns dos maiores artistas do mundo, como Sérgio Mendes, Tom Jobim, Hermeto Pascoal, Rosinha de Valença, Jorge Ben, Ella Fitzgerald, Cat Stevens, Frank Sinatra, Joni Mitchell, Elis Regina, Gal Costa, The Doors, Arthur Maia e Djavan. Com uma trajetória invejável e uma carreira internacional, este niteroiense por adoção tem 7 discos gravados, um livro de memórias e ainda muitas histórias para contar. Um dos maiores bandolinistas do Brasil, o petropolitano Ronaldo do Bandolim já tocou com grandes nomes da nossa música nacional, como Marisa Monte, Chico Buarque, Raphael Rabello, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jamelão, Ivan Lins, Ney Matogrosso, Cartola e Dino 7 Cordas. Radicado desde muito novo em Niterói, integrou o lendário Época de Ouro, conjunto criado por Jacob do Bandolim, e liderou os grupos Orquídea, Trio Madeira Brasil e Choro na Ribeira. Com o Época de Ouro chegou ao Free Jazz Festival, em 1985, e participando do projeto Brasil Musical, no mesmo ano. Nascido em 1954, o niteroiense Paulo Ricardo Rodrigues Alves, o Paulinho Guitarra, é um guitarrista conhecido pela época que tocou com a banda 'Vitória Régia', conjunto que acompanhava o cantor Tim Maia. Considerado o criador da guitarra funk brasileira, tocou com ainda com Cassiano, Hyldon, Carlos Dafé, Sandra de Sá, Gerson King Combo, Banda Black Rio, Celso Blues Boy, Cazuza e Marina Lima, além de integrar a banda niteroiense Alynaskyna. Lançou 5 álbuns solo, sendo o primeiro gravado em 1991 pelo selo Niterói Discos e os outros três pela "Very Cool Music", selo que ele mesmo criou. Professora Emérita da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde se graduou em História em 1967, a professora Ismênia Martins é doutora pela USP e tem pós-doutorado pela École des Hautes Études em Sciences Sociales (EHESS), de Paris. Com atuação destacada e reconhecida nacionalmente no meio acadêmico, foi presidente da Fundação de Atividades Culturais de Niterói (FAC), atual FAN, de 1978 a 1980. Em sua gestão criou a Coordenação de Documentação e Pesquisa, atual DDP e comandou a compra do acervo fotográfico de Manoel da Paixão Coutinho da Fonseca, o Fonsequinha. Carioca da Lapa, com infância passada em Portugal, terra de seus pais, Carlos Ruas chegou a Niterói no início dos anos 1950 para exercer o ofício de fotógrafo num estúdio em Santa Rosa. Fotografou a cidade, suas paisagens e personagens, as festas nos clubes e os concursos de miss.
13 de junho de 2025
A Sala Quirino Campofiorito, do Centro Cultural Carlos Magno, recebe seu público para abertura, no sábado, 14 de junho, a partir das 09h, para a abertura da mostra "Boa lembrança...", mostra de Luiz Carlos de Carvalho, que conta com a curadoria de Luiz Sérgio de Oliveira. "Luiz Barba" volta como artista para o centro cultural que dirigiu em duas diferentes temporadas. À maneira do pintor, o gesto, por Luiz Sérgio de Oliveira Quantas vidas cabem em uma vida vivida? Quantas vidas somos capazes de viver? Quantas vezes pode um artista se reinventar, superando cápsulas que imobilizam sua obra e drenam a energia criativa desse artista? Independentemente da pertinência contida nessas indagações, elas logram respostas singulares na obra pictórica e nas reflexões de Luiz Carlos de Carvalho. Isso porque esse artista, nascido em Niterói, se deixa engajar, de modo intenso, com aquilo que seus desejos de pintura apontam, afirmando-se, acima de tudo, como pintor. Em diferentes suportes - tela, papel, corpo, os muros da cidade, com diferentes dispositivos que mediam a relação do pintor com as superfícies nas quais deita sua criatividade (pincéis, bastões, espátulas, réguas...), Luiz Carlos de Carvalho sabe onde sua pintura quer chegar. Articulando rigor e acaso, observação e juízo no fluxo da criação, o pintor pinta, à sua maneira, a geometria, a linha, o gesto, com eles criando um arabesco que assume sua marca, a marca de um pintor irrequieto. As cores que habitam essas pinturas raramente são aquelas que se oferecem íntegras nos tubos. Cores sofisticadas emergem de intrincadas baralhadas. Raramente essas cores rebuscadas são deitadas na superfície, seja ela qual for, obliterando as marcas do pintor. Ao contrário, essas superfícies são atacadas com traços e gestos que ostentam os vestígios do ato de pintar, seja em traços pequenos e curtos, ou em gestos largos e generosos, que reafirmam a singularidade da pintura e da criação. Esses mesmos traços que carreiam, entre contenções e sobriedades cromáticas, certo acento e afinidades com a tradição da geometria, expõem igualmente sua singularidade nas escrituras (muros, paredes, papéis, telas e corpos), antes que sua expansão em gestos largos invista contra a alvura da superfície do papel. Ao adentrarmos por esses emaranhados de linhas, gestos e geometria, é possível encontrar o pintor Luiz Carlos de Carvalho absorto pela tarefa nada simples de trazer para a pintura sua visão de mundo, em uma complexidade que não comporta simplificações. Para enfrentar esses desafios, Luiz Carlos de Carvalho não vacila e simplesmente pinta, com rigor e absoluta dedicação, deixando que a criação flua das pontas de seus dedos em direção à superfície a ser enfrentada e transformada pela pintura, entendida não como um ponto de chegada, mas como uma ponte para o mundo onde a vida é vivida. Sobre o artista: Luiz Carlos de Carvalho (Luiz Barba) nasce em Niterói em 1952. No ano de 1973, inicia seus estudos em Artes Visuais no MAM RJ; de 1978 a 1981, frequenta os cursos da Oficina de Gravura do Museu do Ingá, Niterói. Inicia a sua trajetória artística participando da XII Bienal de São Paulo em São Paulo (1973), Salão de Verão, MAM RJ (1975). Suas principais exposições individuais são: Gravuras e Desenhos, Galeria Funarte Macunaíma, RJ; Céu sobre Terra (pinturas), Museu do Ingá, RJ; Pinturas, Espaço Cultural Conselheiro Paschoal Cittadino RJ; Luiz Le Barba – à Gauche, Museu do Ingá, RJ. Desde então participa de diversas exposições coletivas de gravura no Brasil e exterior. As principais participações em mostras coletivas: 1979, LIS'79 -Lisbon International Exibition of Drawing, Portugal; III Salão Carioca de Arte, Palácio da Cultura, RJ; 1981; 3ª. Mostra de Desenho Brasileiro, PR (Convite especial de participação); 4ª. Mostra Anual de Gravura da Cidade de Curitiba, Curitiba (Indicação e prêmio) PR; 4º. Salão Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE, RJ; 1982 ARTEDER'82: Mostra Internacional de Artes Gráficas, Bilbao, Espanha; 1983 Mail Art, Franklin Furnace, New York EUA; 2015 Dix au Cube à Paris, França; Intercâmbio Street Art Belleville / Niterói, Paris, França; 2019 Artistic in Residence Otawara, City Arts and Culture Research Institute, Otawara, Japão; 2020 SHOES BOX, Otawara City Arts and Culture Research Institute, Otawara, Japão; 2021 “Bate-Bola Epi Carnavalesca”, O lugar Arte Contemporânea Fábrica Bhering, RJ; 2022 SHOES BOX, Otawara City Arts and Culture Research Institute, Japão; Imaginário Periférico 20 Anos, Centro Cultural Capiberibe 27, RJ; Por Enquanto: Os Primeiros Quarenta Anos, Galeria de Arte Contemporânea UFF, Niterói R. À maneira do pintor, gesto – 50 Anos de Carreira, Museu do Ingá 2023. Serviço Exposição 'Boa Lembrança' Abertura: Sábado, 14 de junho, das 9h às 14h Visitação: De 14 de junho a 14 de julho de 2025 Horários: Horários: De segunda a sexta, das 10h às 17h; Sábado e domingo, das 09 às 14h; Classificação: Livre Local: Centro Cultural Paschoal Carlos Magno - Sala Quirino Campofiorito End: Campo de São Bento, entrada pela rua Lopes Trovão