27 de dezembro de 2023

Dia de Baile - Uma exposição de Baraúna em Niterói

O cronista e poeta parnasiano Olavo Bilac, no início do século XX, ao observar o surgimento dos bailes urbanos, escreveu que o Rio de Janeiro é a cidade que dança. Pois bem, um século depois, olhamos para Niterói, onde o Baile da UG acontece desde 2017. 



A sigla “UG” vem de Ujima Gang, coletivo formado um ano antes por jovens moradores do Morro do Palácio. Os criadores da UG, artistas visuais, músicos, produtores culturais e musicais, DJs, produtores de vídeo e fotógrafos, naturais de outras cidades fluminenses, mudam se para Niterói para ingressar aqui, na Universidade Federal Fluminense. Em uma das fotos expostas, vemos o baile acontecer na quadra de esportes do campus Gragoatá. A universidade é compreendida como um local de encontro que possibilita colaborações e formações criativas conjuntas. 


Baraúna apresenta a sua primeira exposição individual com uma seleção de cerca de 50 fotografias da pesquisa que o artista inicia nos bailes de rua: a praça da Cantareira é a principal residência do Baile da UG, vizinha dos prédios da UFF. A exposição começa com a organização, a catalogação e a impressão das fotografias de uma série relevante de imagens que incluem revelações de 35mm e arquivos digitais. Molduras de acrílico colorido são escolhidas como informantes dos imaginários das festas. Copos fluorescentes, vestimentas neon. Podemos notar editoriais de moda envolvendo amigos e foliões desconhecidos. Caixinhas de fita cassete e mini DV resgatadas também são usadas na apresentação das fotos, funcionando como referentes de sonoridade e do analógico. 


O trabalho de Baraúna dialoga com uma tentativa atual de compor uma narrativa da história recente da arte e das imagens brasileiras, ao propor a revisão analítica de eventos passados em suas reflexões. Protagonizados por pessoas pretas, bailes foram descritos por autores da modernidade como o lazer de trabalhadores suburbanos e lugares de vivências comunitárias. Ujima, que significa trabalho coletivo e responsabilidade na língua Sualí, lembra o ideal por trás da construção do termo utopia.


 Na história A Non-Euclidean View of California as a Cold Place to Be, de 1982, ou “O olhar não-euclidiano da Califórnia como um lugar frio para se viver”, como livre traduzimos, Ursula Le Guin convoca o resgate da utopia por meio do movimento de jogar fora o mapa – e a vontade expedicionária de avançar continuamente – para percorrer o seu local por outros caminhos. Festejar é estar cercado de pessoas queridas e, na reunião do afeto, conseguimos revelar novos espaços e tempos. Essa possibilidade faz da festa um exercício político contemporâneo de imaginação do mundo melhor. Em outra ocasião, Conceição Evaristo disse que quem tem o privilégio de cantar ou dançar poderia não precisar fazer outra coisa. A vida tem fantasia e é dia de baile. 


Engraçado é que talvez Bilac estivesse certo: o Rio dança, mas o baile acontece em Niterói, na outra margem


Até 28 de janeiro de 2024
Galeria de Arte UFF Leuna Guimarães dos Santos
Espaço UFF de Fotografia Paulo Duque Estrada
Segunda a Sexta, das 10h às 21h
Sábados e Domingos das 13h às 21h

 

15 de julho de 2025
Na quinta-feira, 17 de julho, às 19h30, a Orquestra Forte de Copacabana apresenta na Sala Nelson Pereira dos Santos, o projeto Vibrações Metropolitanas, iniciativa que promove intercâmbios entre grupos de educação musical da Região Metropolitana do Rio. Após passar por Duque de Caxias e Maricá, o projeto encerra suas ações de integração em Niterói, com uma apresentação especial na Sala localizada no bairro de São Domingos. A proposta valoriza a troca de experiências e saberes musicais entre jovens talentos, fortalecendo laços culturais e incentivando o desenvolvimento artístico regional. Serviço Orquestra Forte de Copacabana Datas: Quinta-feira, 17 de julho de 2025 Horários: 19h30 Duração: 70min Classificação indicativa: Livre Entrada franca (com distribuição de ingressos 2h antes do início do espetáculo)  Local: Theatro Municipal de Niterói End: Rua XV de Novembro, 35 - Centro Telefone de contato: (21) 3628-6908
15 de julho de 2025
Ao som de cantigas autorais em yoruba e bantu, sete bailarinas, seis músicos e um cenário que encanta os espectadores, o espetáculo de dança Manifesto Elekô, terá 3 apresentações, de 17 a 19 de julho, sempre às 19h, no Teatro Carlos Gomes. Contemplada no Edital Pró-Carioca Linguagens, a peça, com idealização e concepção de Fábio Batista e realização Cia Clanm de Danças Negras, conecta a orixá Obá, uma das mais fortes da mitologia afro-brasileira, às histórias das mulheres negras da atualidade. Os ingressos variam de R$ 10 a R$ 20. Serão destinados 20% dos ingressos para pessoas em situação de vulnerabilidade social, estudantes, professores, pessoas transgêneras e deficientes físicos. O projeto contará ainda com uma oficina de dança ministrada por Fabio Batistas e as artistas do espetáculo. Mais do que uma análise sobre como mulheres negras vêm se adaptando aos desafios diários, segundo o diretor geral do Manifesto Elekô, Fábio Batista, a peça pretende dar visibilidade aos espaços de destaque que elas vêm ocupando em diversos setores da sociedade. “Obá sai de um sofrimento extremo e chega ao generalato de um exército, ocupando o mais alto escalão da proteção das mulheres. Queremos mostrar que, assim como ela, suas contemporâneas também estão percorrendo esse caminho. A mensagem principal é que ainda que haja dor no processo, é preciso dar ênfase às conquistas e à resiliência”, analisa Fábio. Contrapartida social Após cada apresentação, a Cia Clanm de Danças Negras e o diretor realizarão uma homenagem a lideranças femininas negras e bate-papo com o público presente, além de oficinas de dança, ministradas por Fábio Batista e os artistas do espetáculo. Os interessados em participar devem acessar o formulário disponível no perfil do espetáculo no Instagram. SERVIÇO Espetáculo Manifesto Elekô De 17 a 19 de julho Horário: Quinta à sábado, às 19 h Ingressos: R$30 Inteira | R$15 Meia entrada (prevista em Lei), disponíveis no Sympla Local:Teatro Nelson Rodrigues (Av. República do Paraguai, 230 - Centro, Rio de Janeiro) O espetáculo terá interpretação em Libras. Classificação Indicativa: 14 anos