23 de setembro de 2023

Concerto Raro: Rio recebe obra icônica de John Cage

   'Sonatas e Interlúdios para Piano Preparado' será apresentado na Escola de Música da UFRJ (29/09) pelas pianistas Lilian Nakahodo e Grace Torres. Obra será executada integralmente. Entrada gratuita.

    O Rio de Janeiro (RJ) será a primeira cidade a receber a turnê da revolucionária obra do norte-americano John Cage (1912 – 1992), ‘Sonatas e Interlúdios para Piano Preparado’, das pianistas Grace Torres e Lilian Nakahodo. O concerto, com duração de 70 minutos e entrada gratuita, será apresentado dia 29 de setembro, às 18h30, na Escola de Música da UFRJ - Salão Leopoldo Miguez.

       Parafusos (de diferentes tipos e tamanhos), porcas, pedaços de plástico e borracha colocados entre as cordas de um piano de cauda fazem parte da complexa preparação para esta execução que segue com apresentações até 27 de outubro em Uberlândia (MG), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e Curitiba (PR). A direção musical é da pianista e professora Vera Di Domênico.

    Composta entre 1946 e 1948 com 16 sonatas e 4 interlúdios, a obra raramente é executada na íntegra em público. Grace e Lilian, integrantes do Coletivo Pianovero, foram as primeiras e únicas pianistas da América do Sul a gravarem a composição por inteiro, ao vivo. O feito inédito das brasileiras com o álbum ‘Preparado em Curitiba – John Cage: Sonatas e Interlúdios para Piano Preparado’ foi lançado em janeiro de 2012, na 30ª Oficina de Música de Curitiba e no mês seguinte em Darmstadt, na Alemanha, no evento ‘Tage für Neue Musik’. De lá para cá o duo fez diversas apresentações no Brasil.

       A obra, uma das mais representativas do repertório erudito do século XX, revela a identificação de Cage com o pensamento indiano e dialoga com sonoridades das orquestras de gamelão da Indonésia.

       A preparação do piano, que demora de duas a três horas para ficar pronto conforme as precisas indicações feitas por Cage, as quais chamou de ‘bula’, no caderno das partituras impressas da obra, é o grande desafio do trabalho. O autor especificou não só o material a ser utilizado, de acordo com a característica de cada tecla, mas a localização e a distância entre elas e os objetos. “Pode não parecer, mas tudo é feito com muita técnica. As partituras foram escritas de forma tradicional. Não há nada de improviso, os fundamentos são muito sólidos”, conta a diretora.

     Ao todo, 45 notas são preparadas para o ciclo de Sonatas e Interlúdios e diferentes métodos são usados para modificar o som original do instrumento. A inserção de diferentes objetos em suas cordas resulta em sonoridades inimagináveis.

       “Existe ainda muito preconceito com a obra, pois muitos acham que a preparação agride o piano, pelo contrário, o acaricia. O resultado são sons assimétricos, porém delicados e sensíveis que lembram uma exótica orquestra de percussão”, explica Grace.

       Parte do estudo, realizado no período de um ano pelas pianistas, foi feito em um piano convencional. Para poderem estudar em um piano de cauda preparado e criar uma relação auditiva com a composição tal como ela é, elas contam que foi preciso alugar um instrumento durante vários meses para que pudessem executar a obra.

       Considerada como uma das melhores realizações de Cage, o objetivo da obra é expressar os nove estados emocionais, experimentados por qualquer ser humano, de acordo com a tradição hindu, conhecidos como rasa, são eles: o heróico, o erótico, o maravilhoso, o cômico, o patético, o furioso, o terrível, o abominável e a tranquilidade.

       “Algumas notas soam como piano, outras não. A composição se encaixa perfeitamente nesta sonoridade. Tem muito respiro, muito silêncio. Os sentidos ficam aguçados, ouvimos o entorno, o tecido da nossa roupa, os ruídos das cadeiras, da plateia, insetos, tosses, pigarros. O mesmo acontece com o público. Alguns podem sentir até mesmo um desconforto porque não estão acostumados ou não esperam por isso em um concerto de piano”, avisa Lilian.

     Além dos concertos, o projeto também vai oferecer gratuitamente neste mesmo período miniconcertos didáticos para alunos da rede pública de ensino, bate-papo online interativo com a equipe técnica do projeto e oficina abordando a preparação de piano e a obra de John Cage.

       “Estamos de volta com este projeto porque retomar o contato com esta obra visionária e tão relevante não só para a música, mas para as artes em geral, é uma oportunidade de aprofundamento, hoje podemos oferecer ainda mais ao projeto e ao público. É uma grande alegria poder realizar no Brasil um projeto com esta qualidade”, conclui Vera.

       Projeto realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. Incentivo: Colégio Positivo, Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura Municipal de Curitiba. 

       John Cage (1912-1992) foi compositor, teórico musical experimentalista, escritor, multiartista. Investigador incansável, foi pioneiro da música de acaso ou aleatória, da música eletrônica, do uso de instrumentos não convencionais, bem como do uso não convencional de instrumentos convencionais. Considerado uma das figuras chave nas vanguardas artísticas do pós-guerra, contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento estético da música no século XX abrindo caminhos para outros compositores eruditos experimentarem sonoridades variadas. Sua obra mais conhecida é 4’33” (1952), peça precursora da arte conceitual por não executar uma única nota musical, ao apresentá-la os músicos não tocam nada, ficam quietos diante do instrumento durante o tempo especificado no título.

Suas maiores influências vêm da Ásia, estudou filosofia indiana e zen budismo nos anos 40. O I Ching, texto clássico chinês, foi uma importante ferramenta de composição para ele.

       Influenciou muitos artistas de todo o mundo e integrou o movimento Fluxus, que abrigava artistas plásticos e músicos.

  Rio de Janeiro - 29/09 (18h30) / Escola de Música da UFRJ - Salão Leopoldo Miguez (Endereço: R. do Passeio, 98 – Centro) *Entrada gratuita

 

29 de maio de 2025
Com inscrições abertas até segunda-feira (02/06), o edital Prêmios Cultura Viva é uma oportunidade para fazedores de cultura impulsionarem seus projetos. Oferecida pela Prefeitura de Niterói, a iniciativa vai fomentar Pontos e Pontões de Cultura com R$ 760 mil. Ao todo, serão selecionados 40 projetos. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas pela plataforma do Colab. O edital integra a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB/MinC) e é conduzido pela Secretaria Municipal das Culturas (SMC). “Os Pontos e Pontões são uma parte essencial da nossa rede de cultura em Niterói. Através dos recursos da Lei Aldir Blanc, lançamos dois editais que somam mais de R$ 3 milhões em investimentos voltados ao fortalecimento da produção cultural na cidade. Para a Prefeitura de Niterói, investir nesses espaços é um passo importante para impulsionar quem luta pela cultura na ponta, junto da população”, reforçou o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves. O Edital Prêmios Cultura Viva vai reconhecer e premiar 40 iniciativas culturais de base comunitária desenvolvidas por pessoas jurídicas sem fins lucrativos ou por coletivos culturais informais representados por pessoas físicas. Cada uma das 40 selecionadas receberá R$ 19 mil. O edital também estabelece cotas para garantir a diversidade entre os premiados, com vagas reservadas para pessoas negras, indígenas, com deficiência, mulheres e trans. Também parte das ações integradas à PNAB, a Prefeitura lança o Edital Aldir Blanc de Fomento à Cultura. Serão destinados R$ 2.250.000,00 para apoiar 45 projetos culturais apresentados exclusivamente por pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, que estejam estabelecidas em Niterói e tenham finalidade artística e cultural. Ao todo, os dois editais somam R$ 3 milhões de investimento. “Os Pontos e Pontões de cultura da cidade são verdadeiros guardiões das culturas tradicionais e de base comunitária. Preservam a memória, a história e o fazer artístico de Niterói. Este edital dedicado a esses mestres e mestras é uma forma de garantir o direito à cultura àqueles que se dedicam em manter viva nossa herança cultural”, afirmou o secretário das Culturas, Leonardo Giordano. As inscrições são realizadas por meio da plataforma Colab, ferramenta digital que conecta cidadãos e governos com foco em cidadania digital e governança colaborativa. O edital também será disponibilizado em Libras, garantindo acessibilidade nas informações. Para apoiar os proponentes no processo de inscrição, a Secretaria das Culturas promoverá atendimentos presenciais na quinta-feira (29), às 17h, no Espaço EcoCultural, na Região Oceânica, e no sábado (31), das 10h às 14h, na Casa Cultura é um Direito, no Ingá.
27 de maio de 2025
Quando três amigos, muito próximos, e que sabem tudo da vida uns dos outros se juntam para abrir uma discussão que reflita sobre a construção da masculinidade, não tem como o roteiro dar errado! Assim surgiu a ideia de “Por que não nós?”. A peça é um mergulho profundo e ácido no psiquismo do que é ser homem em nossa sociedade, partindo da narrativa de três personagens sarcásticos e hilários que debatem um conceito muito atual: a masculinidade tóxica e suas consequências. No palco, Samuel, Amaury e Felipe convidam o público a olhar para essa questão que se faz necessária, rindo e emocionando, tocando em pontos como as perguntas: existe diferença de gênero? Ou existe relacionamentos desigualitários? E ainda o autocuidado.  “Quisemos entender como somos atingidos pela contenção do que sentimos, mesmo rindo das ansiedades e das angústias que essa contenção provoca”, explica Felipe Velozo. A masculinidade tóxica é percebida como um conjunto de ideias e mecanismos voltados para que os homens se encaixem em padrões que mantenham um equilíbrio social baseado na violência. Até que essa violência se volta contra os próprios homens em uma espiral de manifestações que incluem a exacerbação da virilidade, o machismo, a violência contra a mulher, homofobia e transfobia. Apesar disso, a história promete divertir e provocar a plateia, descortinando uma série de assuntos que passam pela saúde emocional, estigmas e preconceitos. “A história fala de amizade, de educação emocional, sobre como os homens não são criados para falar, para discutir as emoções. É um espetáculo sobre isso. Sobre a dificuldade que o homem tem em se relacionar emocionalmente”, destaca Samuel de Assis. O universo impresso neste espetáculo é foco constante de campanhas de saúde mental, palestras, livros, teses, estudos culturais e sociais, reportagens, filmes e, agora, será tema de uma peça. “O teatro pode, e muito, contribuir para os debates que brotam das questões de gênero, no mundo em que vivemos, que estão fervilhando e reclamando outros modos de discussão”, diz Amaury Lorenzo. SERVIÇO: “Por que não nós? Com Samuel de Assis, Amaury Lorenzo e Felipe Velozo Dias 07 e 08 de junho, sábado e domingo, às 19h Teatro da UFF: Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói - RJ Classificação Indicativa: 10 anos Duração: 100 minutos Ingressos: R$ 90,00 (inteira) e R$ 45,00 (meia) Vendas: http://www.guicheweb.com.br/centrodeartesuff