17 de março de 2025

Artistas do RJ se reunem em exposição no Sesc Teresópolis

Como nossas memórias e vivências moldam quem somos? A exposição "Grafismos de Pequenas Singularidades" convida o público a explorar essa pergunta através da arte. A partir do dia 14 de março, a mostra ocupa o Sesc Teresópolis apresentando o trabalho de cinco artistas contemporâneos do Rio de Janeiro: Ana Hortides, Carla Santana, Gilson Plano, Mayara e Ray Fahr. Sob a curadoria de Ludimilla Fonseca e Ray Fahr, a exposição propõe uma imersão sensorial e afetiva no conceito de identidade, explorando suas múltiplas camadas simbólicas e culturais através de temas como corpo, paisagem, ancestralidade, casa e memória.Grafismos de Pequenas Singularidades propõe uma reflexão subjetiva sobre a identidade, abordando como as origens, a vivência e a história de cada artista reverberam indiretamente em sua arte. “O conceito da exposição parte da ideia de identidade enquanto processo fluido e múltiplo. Não estamos falando de uma identidade rígida, mas de construções que se dão no corpo, no espaço e no tempo, atravessadas pela história, pela família e pelas experiências pessoais”, explica Ludimilla.


“As obras selecionadas têm em comum esse viés da transformação: algo que vem de uma história, mas que o trabalho já chegou num lugar, já transcendeu”, completa Ray.Um dos principais pontos de partida para a concepção foi a observação dos materiais utilizados pelos artistas – cimento, ferro, argila, tecido e couro –, elementos do cotidiano e da memória afetiva, ressignificados em propostas visuais distintas. “Fomos criando uma relação historiográfica a partir do uso desses materiais, criando uma interseção entre esses artistas que, apesar de muito distintos, possuem essa linha tênue em comum”, explica Ray.


Ana Hortides revisita o ambiente doméstico e urbano ao utilizar cimento e cacos de azulejo, remetendo às casas do subúrbio e às memórias da avó. Suas obras evocam um pertencimento enraizado na arquitetura vernacular e na simplicidade do cotidiano, transformando o trivial em potência poética. Já Mayara explora o cimento de uma perspectiva distinta: suas esculturas utilizam o material como base para tecidos e couros que remetem à história de sua família no Salgueiro, comunidade onde o ofício da costura e do estofamento faz parte da ancestralidade. “Existe uma conexão direta entre o fazer da Mayara e a construção de identidade a partir da memória familiar e comunitária. Cada peça carrega marcas desse passado que continua pulsando no presente”, comenta Ludimilla.


O trabalho de Gilson Plano dialoga com sua vivência na construção civil – ofício de seu pai – ao manipular ferro e concreto de forma a subverter a rigidez desses materiais.


Suas esculturas, apesar da robustez dos elementos utilizados, sugerem movimento e leveza, provocando uma reflexão sobre tempo, ancestralidade e as tecnologias que atravessam gerações. “O Gilson transforma estruturas brutas em objetos poéticos que, ao mesmo tempo, remetem à solidez do concreto e à efemeridade do movimento”, observa a curadora. Por sua vez, Carla Santana recorre à argila para criar pinturas: em vez de esculpir, ela a utiliza como pigmento. O resultado são obras que abordam a ancestralidade e a relação do corpo com a terra, apresentando uma materialidade que remete às raízes e à origem. “As pinturas da Carla são como peles que guardam as marcas do fazer. Seu trabalho é minucioso, exige tempo e cuidado”, explica Ludimilla.


Bailarino por formação, Ray Fahr apresenta telas que traduzem o movimento do seu corpo durante uma coreografia, criando composições que flutuam no espaço e registram gestos e deslocamentos. “Minhas obras foram criadas a partir do que chamamos de notação coreográfica. A espessura das linhas indica se o movimento é leve ou pesado. O contorno, se eles são com arestas, movimentos com fluxo fragmentado ou contínuo. O tamanho das formas também indica duração de movimento, que é o tempo”, explica Ray. “Para mim, o Ray traduz o movimento não apenas de forma visual, mas também afetiva. Suas obras convidam o público a se mover junto, a perceber o corpo no espaço”, reforça Ludimilla.


O espaço expositivo foi pensado para desafiar a percepção do visitante. Em vez de uma sequência tradicional de quadros alinhados e esculturas sobre pedestais, a mostra explora a ideia da tridimensionalidade com peças suspensas, obras que emergem das paredes e trabalhos dispostos no chão, estimulando a exploração e a experiência corporal. “Queríamos que o espaço fosse um local de encontros e fricções. Romper com a ideia de que a pintura deve estar na parede e a escultura no chão. As obras não estão dispostas de forma linear; elas se cruzam, convidando o visitante a circular, se aproximar, contornar. A exposição é uma experiência que mobiliza corpo, percepção e emoção”, destaca a curadora.


Para ela, Grafismos de Pequenas Singularidades vai além da contemplação: é um convite para a evocação de memórias e a provocação de perguntas. “As obras podem remeter ao piso da casa da avó, a brinquedos de infância ou a paisagens familiares. Esse é o encontro que buscamos: entre a obra e a história de quem a observa”, afirma. Ao colocar a identidade no centro da experiência – sem, contudo, oferecer respostas fechadas – a exposição estimula o público a se reconhecer, se questionar e, sobretudo, sentir.


Integrante do programa Sesc Pulsar, a mostra reafirma o compromisso da instituição com a promoção da cultura, da diversidade e do pensamento crítico. Aberta ao público até meados de junho, "Grafismos de Pequenas Singularidades" conta com entrada gratuita e programação paralela que inclui visitas mediadas e conversas com os artistas.


SERVIÇO:


Grafismos de Pequenas Singularidades  Local: Sesc Teresópolis – Galeria de Arte e Corredor Interno  Período: 14 de março a 15 de junho de 2025  Horário: Terça a domingo, das 9h às 18h  Entrada gratuita

13 de outubro de 2025
O Bloco carnavalesco "Loucos pela Vida" vai realizar na sexta-feira, 17 de outubro, de 13h30 a 17h, no Solar do Jambeiro, o concurso de escolha do samba-enredo do carnaval 2026. O bloco, constituído por usuários, familiares, trabalhadores e simpatizantes da saúde mental, que historicamente leva alegria, arte e a discussão da diversidade e da garantia do direito do cuidado em liberdade para a sociedade, esse ano escolheu como enredo "CAPS não é meme. "Se não me vês, por que se incomoda?". Durante o evento serão apresentados os sambas recebidos pela comunidade de Niterói e uma banca de jurados irá eleger o samba campeão. Serviço Escola de samba-enredo "Loucos Pela Vida" Data: Sexta-feira, 17 de outubro de 2025 Horário: De 13h30 a 17h Classificação indicativa: Livre Evento Gratuito  Local: Solar do Jambeiro End: Rua Presidente Domiciano, 195, São Domingos - Niterói
9 de outubro de 2025
Uma das melhores bandas de rock de todos os tempos retorna ao Brasil em 2026. O Living Colour traz à América do Sul a turnê The Best of 40 Years, com a ideia de celebrar o 40º aniversário do grupo fundado em 1984. O grupo liderado pelo talentoso vocalista Corey Glover fará seu show em terras cariocas no dia 28 de fevereiro, no Sacadura 154, no Centro da capital carioca. No Brasil, as apresentações ocorrem em 26/02 em Porto Alegre (Opinião), 27/02 em São Paulo (Tokio Marine Hall), 28/02 no Rio de Janeiro (Sacadura 154) e 01/03 em Curitiba (Live Curitiba). Há ainda shows em cidades da Argentina e Chile. Veja a agenda completa 22/02 – Mendoza (ARG) @ 23 Rios Craftbeer 24/02 – Buenos Aires (ARG) @ C Art Media 26/02 – Porto Alegre (BRA) @ Opinião 27/02 – São Paulo (BRA) @ Tokio Marine Hall 28/02 – Rio de Janeiro (BRA) @ Sacadura 154 01/03 – Curitiba (BRA) @ Live Curitiba 03/03 – Santiago (CHI) @ Teleton Sobre Living Colour Formado em Nova Iorque em 1984 pelo guitarrista Vernon Reid, o Living Colour traz ainda Corey Glover no vocal, Will Calhoun na bateria e Doug Wimbish no baixo. A banda ganhou projeção mundial após ser descoberta por Mick Jagger, que não apenas apresentou o grupo ao grande público como também os convidou para abrir shows do Rolling Stones. O álbum de estreia Vivid (1988), que trouxe hits como “Cult of Personality”, vencedora do Grammy de Melhor Performance Hard Rock. Em seguida, lançaram Time’s Up (1990), também premiado com Grammy. Os trabalhos posteriores Stain (1993), Collideøscope (2003), The Chair in the Doorway (2009) e Shade (2017) completam a discografia de poucos itens, mas notória pela enorme qualidade e ampla gama de influências sonoras e referências líricas.