15 de abril de 2025

Abdias do Nascimento ganha espetáculo sobre sua trajetória no Teatro SESC Copacabana

Em um pequeno palco, as cortinas ainda fechadas, é o primeiro dia de ensaio de uma peça que pretende não apenas revisitar a história de um dos maiores ícones da luta pela igualdade racial no Brasil, mas também evocar as emoções, os desafios e as vivências de dois homens negros que, ali, representam a memória viva de uma luta. Esse é o ponto de partida do espetáculo “Abdias do Nascimento”, que estreia no Teatro SESC Copacabana em temporada de 24 de abril a 18 de maio, quinta-feira a domingo, às 19h.



A peça mergulha nos bastidores de uma produção em homenagem a Abdias do Nascimento (1914- 2011), o escritor, senador, ativista e fundador do Teatro Experimental do Negro (TEN), que traz em seu núcleo um ator e um diretor que se desnudam não só de seus personagens, mas de suas próprias identidades enquanto homens negros na sociedade brasileira. No palco, o ator Lincoln Oliveira toma a forma de Abdias, um gigante do ativismo, da arte e da cultura negra no Brasil. Ele será, ali, o porta-voz de uma história que não apenas deveria ser contada, mas que precisa ser vivida, sentida. Do outro lado, o diretor, interpretado por Paulo Guidelly, vai não só dirigir a atuação, mas, de certa forma, guiar a própria jornada da peça para que ela seja mais do que uma simples recriação de fatos históricos. Ele será o responsável por nos levar até a alma de Abdias, ao mesmo tempo em que, enquanto homem negro, se entrega ao processo de reconstrução desse legado tão importante. E, em um jogo de espelhos, João Vitor Nascimento ocupa o lugar de stand-in do diretor, criando um elo mais profundo e simbólico entre o presente e a herança de uma história que ainda precisa ser contada.



Escrita por Ivan Jaf e Diego Ferreira, e com direção de Johayne Hildefonso e Iléa Ferraz, a peça faz um resgate da vida e da obra de Abdias do Nascimento, e, mais do que isso, propõe uma reflexão sobre o próprio teatro como espaço de resistência. Abdias, ao fundar o Teatro Experimental do Negro em 1944, criou um movimento que transcendeu as barreiras da arte e alcançou as questões políticas e sociais mais urgentes da sua época, colocando em evidência a importância da representatividade negra nos palcos brasileiros.



No cenário do ensaio, o que se vê não é apenas a construção de uma peça, mas a construção de uma memória afetiva, de uma trajetória histórica que se sobrepõe aos ensaios e se faz presente na vida de cada um dos envolvidos. As palavras que são ditas, as reflexões feitas durante o ensaio, são impregnadas de uma realidade vivida. Afinal, ao se colocar no lugar de Abdias, o ator Lincoln Oliveira não está apenas fazendo um papel, mas está, de alguma forma, evocando o espírito de uma luta que ainda está em andamento. Paulo Guidelly, como diretor, não se limita a ditar as regras do ensaio, ele compartilha as suas próprias experiências enquanto homem negro em um país que ainda enfrenta o racismo estrutural e a invisibilidade das suas próprias histórias.


- A peça é assim: uma prova de que o teatro é e sempre foi um campo de luta e reinvenção, um espaço onde a cultura do povo negro se recria a cada ato, a cada palavra, a cada cena, preservando a memória de um povo tão talentoso. Por trás das luzes do palco, o ensaio revela muito mais do que a construção de uma peça teatral. Ele é, em si, um ato político, de resistência e liberdade. É o reconhecimento da importância de um legado e o lembrete de que, enquanto a luta não for completa, o teatro continuará sendo um lugar onde a história se faz, se reconta e se reinventa. Salve a arte! Salve o Teatro Experimental do Negro! Salve Abdias! – destaca Johayne Hildefonso.


A encenação não é apenas um tributo, mas uma convocação. Ao fazer do palco um espaço de resistência e de cura, a peça não só fala sobre Abdias do Nascimento, mas sobre o Brasil, sobre as relações raciais e sobre a história que ainda precisa ser contada. Através das mãos do diretor e do ator, o espectador é convidado a fazer uma viagem emocional e intelectual pela trajetória de Abdias, entendendo não só a sua importância histórica, mas também o impacto profundo que suas ideias e ações tiveram no movimento negro e no teatro brasileiro.



- A preservação da memória sobre a história de Abdias do Nascimento é mais do que uma simples homenagem; é um grito de resistência e um convite para que o público, também ele, se reconheça na história, se reconheça nas vozes negras que atravessaram o tempo e, de algum modo, sempre estarão presentes – reflete Lincoln Oliveira.



SERVIÇO:

Teatro SESC Copacabana - Sala MultiusoTemporada: de 24 de abril a 18 de maio


Dias e horário: quinta-feira a domingo, às 19h  Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ 

Ingressos: R$ 10 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)

Informações: (21) 3180-5226  Bilheteria - Horário: ⁠terça a sexta-feira, das 9h às 20h, ⁠sábados, domingos e feriados, das 14h às 20h  Duração: 60 minutos

Classificação Indicativa: 12 anos  Site do SESC Rio: https://www.sescrio.org.br/programacao/artes-cenicas/abdias-nascimento-axes-de-sangue-e-esperanca/Rede social: @abdiasdonascimentonoteatro

18 de junho de 2025
A Sala José Cândido de Carvalho abre, com uma recepção para convidados na terça-feira, 17 de junho, a partir das 18h, a exposição Criaturas de Lucia Costa. Com curadoria de Desirée Monjardim, a mostra, que fica em cartaz até 15 de agosto, explora a inquietante estranheza perturbadora constituinte e escondida do eu através de formas retiradas de moldes de roupas. Carioca, mas niteroiense por adoção, Lucia Costa nasceu em 1961 e é artista visual multimídia há mais de 20 anos. É formada em Design de Interiores (2013) pela Arquitec Escola de Arte e Design de Campinas-SP e Estilismo (1996) pela Escola de Moda Cândido Mendes no Rio de Janeiro. A artista vem participando de exposições no Brasil e no exterior, com trabalhos em diversas coleções particulares. Participou na exposição coletiva na Pinacoteca de Luxemburgo como finalista do Luxembourg Art Prize 2018, recebeu Menção Honrosa no ART MATTERS 3 da Galerie Biesenbach em Colônia (Alemanha) e foi selecionada na 14 a Grande Exposição de Arte BUNKYO em São Paulo (Brasil). Em suas obras - sejam elas pinturas, desenhos, fotocolagens, esculturas em papel ou instalações - encontramos volumes, blocos de cor, geometrização de formas e visões espaciais particulares… em uma linguagem influenciada principalmente pelo Construtivismo. Na sua pesquisa artística explora as memórias, os afetos e as afinidades escondidas nas paisagens imaginárias criadas através de volumes de cor em diversos materiais e técnicas. A artista tem trabalhos em coleções particulares no Brasil e exterior, em cidades como Pavia (Itália), Luxemburgo, Barcelona, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Criaturas, por Cristiane Geraldelli Simulacro, avatar, alter ego. São muitas as possíveis vias pelas quais podemos chegar às Criaturas libertadas por Lucia Costa. Apresentando seres que flutuam entre o estranho e o familiar, o conceito de unheimlich de Freud - uma inquietante estranheza perturbadora constituinte e escondida do eu - parece aqui encontrar uma imagem e encarnar um corpo. Brincando com as sete cores do arco-íris essas Criaturas buscam uma identidade própria. Saem de brechas pictóricas para incorporar formas físicas, relações espirituais ou fantasmagóricas e, a princípio, desorientam qualquer tentativa natural de alteridade com o espectador. Suscitam porém uma identificação indireta através da operação pela qual foram criadas: formas retiradas de moldes de roupas, costuradas em modelagens e escalas alteradas, que ao invés de nos vestir, tornam-se a própria pele de cada novo ser-espelho. De maneira ainda mais pungente, a artista busca dar continuidade à dimensão da interioridade já existente em suas investigações pictóricas com a paisagem emocional. Como corpos deformes, estes dispositivos reflexivos explicitamente disponíveis para serem preenchidos de significados, 'vestem' outros corpos ou 'absorvem' outras identidades em suas mais adversas emoções. Cristiane Geraldelli é pesquisadora e orientadora em artes visuais Serviço Exposição 'Criaturas', de Lucia Costa Curadoria: Desirée Monjardim Assistente de curadoria: Lina Ponzi Abertura: 17 de junho de 2025, às 18h Visitação: até 15 de agosto de 2025 - 2ª a 6ª, das 9h às 17h Classificação indicativa: Livre Entrada Gratuita Local: Sala José Cândido de Carvalho Rua Presidente Pedreira, 98. Ingá, Niterói – RJ
16 de junho de 2025
A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Cultura e Utopias, promove o segundo Festival de Cinema e Política, no Cine Henfil, no Centro. A programação, que acontecerá em dois fins de semana – entre os dias 19 e 29 de junho, terá debates sobre o tema com diversos convidados especiais para debater filmes que abordam diferentes perspectivas da política no audiovisual. A seleção da programação e dos convidados, capitaneada pelo secretário de Cultura e das Utopias, Sady Bianchin, busca valorizar acervos e histórias sobre movimentos políticos, ditaduras, lutas por liberdade e revolução. Antes de cada exibição, serão realizadas mesas de debate com cineastas e especialistas sobre os temas em pauta. Para Sady Bianchin, o 2º Festival de Cinema e Política reforça a missão do Cine Henfil que, por meio da arte e da cultura, torna acessível conhecimentos importantes para a população, em direção à transformação social. “O cinema vai além dos limites de contar histórias que a sociedade quer esquecer: o audiovisual como arte aliada à política ilumina o cotidiano da nossa realidade como uma fúria utópica revolucionária”, enfatiza Sady, que também é ator e diretor de teatro. Toda a programação do Cine Henfil é gratuita. Com o intuito de facilitar o acesso do público, há um sistema de bilheteria totalmente online e automatizado. Para garantir o ingresso, basta entrar no link www.cinehenfil.art.br, escolher o filme e reservar o assento. Filmes e debates A mesa de abertura do Festival será na quinta-feira (19/06), às 17h30, com o tema “Cinema e Política”, com as presenças de Sady Bianchin, do cartunista e diretor-executivo do CECIP, Claudius Ceccon, do coordenador de comunicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Janelson Ferreira, e da cineasta Tetê Moraes. Em seguida será exibido ‘O Sonho de Rose’, premiado documentário da diretora, que narra a luta do MST pela reforma agrária e é um importante retrato da situação das famílias sem-terra nos anos 1980. Na sexta-feira (20), os diretores Léo Edde, Zeca Brito e Ana Abreu (também coordenadora de Audiovisual da Secretaria de Cultura e Utopias) e a produtora-executiva Mariana Marinho compõem a mesa “Política do Audiovisual Brasileiro”, que discutirá a democratização da produção audiovisual no país. Após o debate, o filme exibido será ‘Legalidade’, do gaúcho Zeca Brito. O longa, premiado internacionalmente, retrata momentos marcantes da campanha de Leonel Brizola em defesa da democracia em 1961. No sábado (21), o jornalista Cid Benjamin, a documentarista Susanna Lira e o diretor Guto Neto comandam a mesa “Arte contra a Barbárie”. Depois da discussão, é a vez da exibição de ‘Nada sobre meu pai’. O filme acompanha a busca da diretora pela história de seu pai, um jovem guerrilheiro equatoriano que lutou contra a ditadura no Brasil, e que ela não conheceu. Para fechar a primeira semana do festival, no domingo (22) a mesa “Cinema, Sociedade e Ideias” convida o público para debater sobre roteiros e produções de vanguarda, com a presença dos cineastas Neville D’Almeida e Ruy Guerra, e da coordenadora da Maricá Filmes, Ana Rosa Tendler. Em seguida, serão exibidos dois filmes de Neville: o curta ‘Primeiro Manifesto da Cultura Negra’ e o longa ‘Bye Bye Amazônia’. O evento será retomado na sexta-feira (27/06) com a mesa “Cinema, Religião e Política”, que terá as participações especiais de Frei Betto, do prefeito Washington Quaquá e do secretário de Assuntos Religiosos, Sergio Luiz de Sousa. Após o debate, será exibido o filme ‘Batismo de sangue’, dirigido por Helvécio Ratton, baseado no livro homônimo de Frei Betto, vencedor do prêmio Jabuti. No sábado (28), o tema da mesa será “Cinema e Memória Social”, com participações da documentarista Paula Sacchetta, da gerente de projetos da Secretaria de Cultura e das Utopias, Isis Macedo, da gerente da Incubadora de Inovação Social em Cultura, Mariana Figueiredo, e do professor e pesquisador Beto Novaes (UFRJ). O filme ‘Verdade 12.528’, dirigido por Sachetta, será exibido após a conversa. O documentário trata da importância da Comissão Nacional da Verdade, por meio de depoimentos de vítimas da repressão, ex-presos políticos e outras pessoas afetadas pela ditadura militar entre 1964 e 1985. O encerramento do Festival será no domingo (29/06) com a mesa “Cinema, Política e Contemporaneidade”, com as presenças ilustres da jornalista Hildegard Angel (filha da estilista Zuzu Angel), de Sérgio Rezende, diretor do filme ‘Zuzu Angel’ – cuja exibição fechará a programação -, e do professor Francisco Carlos Teixeira (UFRJ). Serviço: 2º Festival de Cinema e Política Data: De 19 a 29 de junho Local: Cine Henfil (Rua Alferes Gomes, 390 – Centro) Horário: Sempre a partir das 17h30 Programação: ● Quinta-feira, 19 de junho 17h30 – Abertura do evento com a Secretaria de Cultura e das Utopias de Maricá e o CECIP Mesa: “Cinema e Política” — com Sady Bianchin (mediador), Claudius Ceccon, Janelson Ferreira e Tetê Moraes 19h – Filme: O sonho de Rose (Tetê Moraes, 1997) ● Sexta-feira, 20 de junho 17h30 – Mesa: “Política do Audiovisual Brasileiro” — com Léo Edde, Zeca Brito, Mariana Marinho e Ana Abreu (mediadora) 19h – Filme: Legalidade (Zeca Brito, 2019) ● Sábado, 21 de junho 17h30 – Mesa: “Arte contra a Barbárie” — com Cid Benjamin, Lorena Leal (mediadora), Guto Neto e Susanna Lira 19h – Filme: Nada sobre meu pai (Susanna Lira, 2023) ● Domingo, 22 de junho 17h30 – Mesa: “Cinema, Sociedade e Ideias” — com Neville D’Almeida, Ruy Guerra e Ana Rosa Tendler (mediadora) 19h – Filmes: Primeiro Manifesto da Cultura Negra (1984) e Bye Bye Amazônia (2023), ambos de Neville D’Almeida ● Sexta-feira, 27 de junho 17h30 – Mesa: “Cinema, Religião e Política” — com Frei Betto, Marcela Giannini (mediadora), Sergio Luiz Souza, Sady Bianchin e Washington Quaquá 19h – Filme: Batismo de Sangue (Helvécio Ratton, 2007) ● Sábado, 28 de junho 17h30 – Mesa: “Cinema e Memória Social” — com Paula Sacchetta, Isis Macedo (mediadora), Mariana Figueiredo e Beto Novaes 19h – Filme: Verdade 12.528 (Paula Sacchetta, 2013)  ● Domingo, 29 de junho 17h30 – Mesa: “Cinema, Política e Contemporaneidade” — com Hildegard Angel, Francisco Carlos Teixeira e Sergio Rezende 19h – Filme: Zuzu Angel (Sérgio Rezende, 2006)