4 de fevereiro de 2024

A objetificação da mulher brasileira é tema de mostra no MAC

A Garota de Ipanema, Iracema, Capitu, Gabriela, as rainhas do carnaval… A mulher brasileira habita há anos o imaginário coletivo como um ícone de sensualidade. Por muito tempo, o seu corpo vem sendo objetificado e hipersexualizado em diversas esferas, especialmente na arte.

 Após estrear em Nova York e passar por São Paulo, a exposição coletiva "Ah, Eu Amo As Mulheres Brasileiras!", chega a Niterói para questionar este "inevitável" ponto de vista e oferecer outra perspectiva sobre essas identidades por meio de 34 obras de artistas mulheres de todo o país. A mostra tem curadoria de Luiza Testa e estará em cartaz de 2 de dezembro de 2023 a 25 de fevereiro de 2024, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, o MAC.

Divididas em quatro grandes núcleos, as obras reúnem instalações, fotografias, esculturas, vídeos, litogravuras, entre outras linguagens, que vêm desafiar este lugar-comum, por meio da sensibilidade de artistas brasileiras de diferentes raças, etnias, idades e perfis. A curadora Luiza Testa buscou nomes consagrados no Brasil e no exterior, além de novos expoentes, para diversificar ao máximo o olhar sobre a proposta.

Participam Alice Ruiz, Arissana Pataxó, Berna Reale, Brenda Nicole, D'anunziata, Dalila Coelho, Fernanda Naman, Gabi Beneditta, Juliana Manara, Lenora de Barros, Mahuederu Karajá, Manuela Navas, Mari Nagem, Marta Neves, Milena Paulina, Micaela Cyrino, Nara Guichon, Raquel Pater, Santarosa Barreto, Terroristas del Amor, Vitória Cribb e Yacunã Tuxá.

"É um prazer, enfim, trazer a mostra para o MAC e a expectativa é que a gente possa discutir a sexualização da mulher brasileira. Não necessariamente chegar a uma conclusão, mas começar a falar sobre isso. Embora a gente saiba que hoje tudo está globalizado e a internet dá acesso à arte e a essa discussão, é importante levá-la para o mundo real", diz a curadora Luiza Testa.

"Ah, Eu Amo As Mulheres Brasileiras!" teve sua estreia internacional na apexart, em Nova York, sob o título de "Oh, I Love Brazilian Women!" e também passou pelo Centro Cultural São Paulo (CCSP) este ano. Depois, seguirá em itinerância pelo Brasil.

A exposição também vai dialogar com a localização e com o espaço arquitetônico singular do MAC-Niterói, prédio projetado por Oscar Niemeyer para se relacionar com o espaço e com a sua vista única para a Baía de Guanabara. O fato das curvas da mulher brasileira serem umas das maiores inspirações do arquiteto também não passará despercebido.

"Existe uma tradição que coloca o corpo feminino sexualizado como fonte de inspiração, algo mencionado inclusive pelo próprio arquiteto que projetou o prédio do MAC, Oscar Niemeyer, e isso não deixa de ser uma forma de objetificação. Assim, vamos levar isso para a exposição em forma de questionamento, além de abordar a relação do museu com a paisagem, trazendo obras como a da Nara Guichon, a boneca ritxoco de Mahuederu Karajá e da Fernanda Naman, que falam da ligação entre a mulher e a natureza como algo muito mais profundo do que simplesmente essa relação de curvas", completa Luiza.

As obras citadas são inéditas e a exposição ainda contará com outras, pois a cada nova edição, a curadoria se preocupa em trazer novos pontos de vista para gerar discussões.                


Quatro grandes núcleos abordam a objetificação, a hipersexualização e a cultura da violência contra a mulher no Brasil

O primeiro núcleo da exposição é De Iracema a Garota de Ipanema, que traz a origem do estereótipo da mulher brasileira sensual, remontando, entre outras referências, ao atroz processo de colonização que, sob o pretexto de civilizar, desumanizou mulheres indígenas, classificando-as como hipersexualizadas e selvagens. Neste núcleo, estarão reunidas obras de Arissana Pataxó, Camila D’anunziata, Lenora de Barros, Mari Nagem, Marta Neves e Nara Guichon. É também neste primeiro núcleo que será abordada a relação com a natureza e a tradição masculina de equalizar a mulher à paisagem, uma grave objetificação.

Em seguida, o núcleo Violências e violações traz para o cerne da discussão as diferentes violências que as mulheres brasileiras estão submetidas, desde a colonização, passando pelo brutal período de escravidão, quando as africanas e suas descendentes foram – e são – vítimas dessa violência, de forma particular. "Diante deste cenário nefasto, é natural que voltemos nosso olhar e esperança para a arte", diz Luiza Testa. Participam deste núcleo Berna Reale, Camilla D'anunziata, Gabi Beneditta, Juliana Manara, Marta Neves, Micaela Cyrino, Santarosa Barreto e Yacunã Tuxá.

O terceiro segmento é Novas estéticas em construção, que traz uma perspectiva de renovação, com um olhar atento sobre as possibilidades. Constam obras de Brenda Nicole, Dalila Coelho, Milena Paulina, Santarosa Barreto e Vitória Cribb.

"Esse núcleo fornece um cenário ligeiramente mais positivo, com obras realizadas por artistas comprometidas com o espírito de seu tempo e que colocam em prática a subversão dos papéis, desafiando as imagens de controle criadas por um sujeito - nesse caso, masculino e eurocêntrico - que domina a narrativa sobre determinados corpos e ainda responsabiliza as vítimas por isso", explica Luiza Testa no texto curatorial.

Encerrando a exposição, o núcleo Afeto e transgressão transmite a ideia de afetividade como ferramenta de resistência e almeja um novo cenário com políticas públicas e de contenção à violência. Participam obras de Arissana Pataxó, Juliana Manara, Lenora de Barros, Manuela Navas, Raquel Pater, Terroristas del Amor e Yacunã Tuxá.

"Algumas obras desse núcleo revelam momentos de intimidade - situações normalmente relegadas à vida privada - mas que, aqui, são colocadas sob o holofote do debate público de forma que as emoções não sejam associadas ao binômio fragilidade/mulher em oposição ao de força/homem", revela Luiza.

"Ah, Eu Amo As Mulheres Brasileiras!” poderá ser vista de terça a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h30).

SOBRE LUIZA TESTA: Luiza Testa é Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e Mestre em Teoria Crítica (Critical Theory and the Arts) pela School of Visual Arts – New York, com a tese "De-socialização da esfera privada em 'Um teto todo seu'" [The De-socialization of the Private Sphere in 'A Room of One’s Own']. Esteve à frente da galeria onzedezesseis de 2010 a 2016. Após concluir seu mestrado, em 2017, foi estagiária no departamento de Curadoria do museu Solomon R. Guggenheim, em Nova York. Em seu retorno ao Brasil, trabalhou na área de produção cultural, em exposições como Ai Weiwei – Raiz e Anish Kapoor – Surge. Desde 2020, vem se dedicando ativamente à curadoria, sobretudo em projetos envolvendo debates sociais nos âmbitos de gênero, sexualidade, feminismo e arte digital. Além de atuar no segmento das artes visuais, Luiza é tradutora.

Ficha Técnica

Curadoria e idealização: Luiza Testa
Obras de: Alice Ruiz, Arissana Pataxó, Berna Reale, Brenda Nicole, Camilla D'anunziata, Dalila Coelho, Fernanda Naman, Gabi Beneditta, Juliana Manara, Lenora de Barros, Manuela Navas, Mari Nagem, Marta Neves, Milena Paulina, Micaela Cyrino, Mahuenderu Karajá, Nara Guichon, Raquel Pater, Santarosa Barreto, Terroristas del Amor, Vitória Cribb e Yacunã Tuxá
Produção Executiva: Amálgama Produções | Lorena Vilela
Produção: Isabela Vilela
Expografia: Jeanine Menezes e Lucas Donnangelo | estúdio gru
Design: Aline Carrer
Apoio: Bombay, 2.artlovers, Me Too Brasil, Vandl, Prefeitura de Niterói



Serviço

"Ah, Eu Amo As Mulheres Brasileiras!"
Abertura: Sábado, 02 de novembro de 2023
Visitação: De 02 de novembro de 2023 a 25 de fevereiro de 2024
Horário: 10h às 17h30 (Terça a Domingo)
Classificação: Livre
Ingressos: R$ 16 (inteira) e R$ 8 (meia-entrada)

Gratuidades: Crianças menores de 7 anos; Estudantes da rede pública (fundamental e médio); Moradores e naturais de Niterói; Servidoras/es públicos municipais de Niterói; Pessoas com deficiência; Visitante que chegar ao museu de bicicleta. Às quartas-feiras a visitação é gratuita para todo mundo!

Meia-entrada: Pessoas com mais de 60 anos; Estudantes de escolas particulares e universidades; ID Jovem: Pessoas de baixa renda com idade entre 15 e 29 anos que estejam inscritas no CadÚnico; Professoras/es.

Local da venda de ingresso: diretamente na bilheteria do museu (somente pagamento em dinheiro) ou online pelo site
Sympla (pagamento via cartão de crédito, PIX ou boleto - este disponível apenas para compras com pelo menos 7 dias de antecedência).

Lembramos que não é permitido circular dentro do museu com bolsas e mochilas de porte médio ou malas, mas há no local guarda-volumes gratuitos para itens de porte médio, sujeito à lotação.

Local: Salão Principal MAC Niterói
Endereço: Mirante da Boa Viagem, s/nº - Boa Viagem - Niterói

27 de maio de 2025
Quando três amigos, muito próximos, e que sabem tudo da vida uns dos outros se juntam para abrir uma discussão que reflita sobre a construção da masculinidade, não tem como o roteiro dar errado! Assim surgiu a ideia de “Por que não nós?”. A peça é um mergulho profundo e ácido no psiquismo do que é ser homem em nossa sociedade, partindo da narrativa de três personagens sarcásticos e hilários que debatem um conceito muito atual: a masculinidade tóxica e suas consequências. No palco, Samuel, Amaury e Felipe convidam o público a olhar para essa questão que se faz necessária, rindo e emocionando, tocando em pontos como as perguntas: existe diferença de gênero? Ou existe relacionamentos desigualitários? E ainda o autocuidado.  “Quisemos entender como somos atingidos pela contenção do que sentimos, mesmo rindo das ansiedades e das angústias que essa contenção provoca”, explica Felipe Velozo. A masculinidade tóxica é percebida como um conjunto de ideias e mecanismos voltados para que os homens se encaixem em padrões que mantenham um equilíbrio social baseado na violência. Até que essa violência se volta contra os próprios homens em uma espiral de manifestações que incluem a exacerbação da virilidade, o machismo, a violência contra a mulher, homofobia e transfobia. Apesar disso, a história promete divertir e provocar a plateia, descortinando uma série de assuntos que passam pela saúde emocional, estigmas e preconceitos. “A história fala de amizade, de educação emocional, sobre como os homens não são criados para falar, para discutir as emoções. É um espetáculo sobre isso. Sobre a dificuldade que o homem tem em se relacionar emocionalmente”, destaca Samuel de Assis. O universo impresso neste espetáculo é foco constante de campanhas de saúde mental, palestras, livros, teses, estudos culturais e sociais, reportagens, filmes e, agora, será tema de uma peça. “O teatro pode, e muito, contribuir para os debates que brotam das questões de gênero, no mundo em que vivemos, que estão fervilhando e reclamando outros modos de discussão”, diz Amaury Lorenzo. SERVIÇO: “Por que não nós? Com Samuel de Assis, Amaury Lorenzo e Felipe Velozo Dias 07 e 08 de junho, sábado e domingo, às 19h Teatro da UFF: Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói - RJ Classificação Indicativa: 10 anos Duração: 100 minutos Ingressos: R$ 90,00 (inteira) e R$ 45,00 (meia) Vendas: http://www.guicheweb.com.br/centrodeartesuff
26 de maio de 2025
A programação da Casa Light está a todo vapor e reserva grandes surpresas para a última semana de maio. Já na próxima terça-feira, 27 de maio, o palco recebe Chico Chico, cantor e compositor que nos conduz por uma jornada musical suave e intensa. Acompanhado pelo pianista Pedro Fonseca e pelo contrabaixista Guto Wirtti, ele apresenta um repertório exclusivo com sucessos da carreira, faixas inéditas e releituras de grandes compositores. Filho de Cássia Eller, Chico imprime sensibilidade e autenticidade em cada interpretação, criando uma atmosfera de pura conexão com o público. Na quinta-feira, 29 de maio, é a vez de Hamilton de Holanda, um dos maiores nomes do bandolim brasileiro. Com técnica apurada e paixão pela música, Hamilton mistura choro, jazz e MPB em uma performance marcante. Com mais de duas décadas de carreira, dois Grammy Latino e reconhecimento internacional, ele transforma o palco em uma verdadeira celebração da música brasileira. Ambos os shows estão com ingressos a R$ 10, têm curadoria de Rafaello Ramundo e acontecem em um espaço exclusivo para apenas 150 pessoas, criando uma experiência única de proximidade com os artistas. Em comemoração aos 120 anos da Light, o festival reforça seu compromisso com a cultura e o acesso democrático à arte de qualidade. Serviço Festival Casa Light Teatro Laura Alvim – Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema, Rio de Janeiro • Chico Chico – 27 de maio (terça-feira) • Hamilton de Holanda – 29 de maio (quinta-feira) Ingressos: R$ 10,00 Vendas abertas no site da Funarj